Ponencia

UMA CARTOGRAFIA DO BEM VIVER NO TOCANTINS: PENSANDO O QUE É DESENVOLVIMENTO A PARTIR DAS COSMOVISÕES INDÍGENAS

Parte del Simposio:

SP.32: Los imaginarios del futuro como herramientas políticas: luchas, reconocimientos y planes de vida

Ponentes

Ana Karolina de Araújo

Instituto Federal do Tocantins

Carlos Eduardo Panosso

Este trabalho tem como ponto de partida os resultados de uma pesquisa etnográfica em nível de doutoramento onde procurou-se compreender se a filosofia do “Sumak Kawsay”, presente na cosmovisão andina, ao conciliar as ideias de desenvolvimento local e global, se caracteriza como um “movimento de resistência” ou mesmo uma alternativa aos modelos e ideais atuais de desenvolvimento e de progresso.
Partimos do entendimento de que o ideal de “desenvolvimento convencional”, que vem marcando as sociedade ocidentais, tem sido cada vez mais questionado, e que, portanto, a organização política e os níveis de produção e consumo das comunidades, precisam ser compreendidas a partir de um outro ponto de vista. Nossa proposta é realizar uma reflexão sobre conceitos, noções ou categorias como Desenvolvimento, Progresso, Tecnologia e Economia de Subsistência, relativizando-os a partir das cosmovisões indígenas. Sobre os dois primeiros se falará de um ponto de vista crítico tratando-os como “mitos fundadores” de uma sociedade sem destino. Sobre os dois últimos lançar-se-á mão de exemplos de sociedades que vivem em harmonia com a natureza e com seus projetos sociais para entendê-los como relativos a cada sociedade.
Seguindo os caminhos teóricos acerca da “mentalidade do bom viver”, do “decrescimento sereno” e da “simplicidade voluntária”, na tradição do que alguns autores chamam de enfoque pós-desenvolvimentistas, pautadas em experiências centradas na felicidade e no bom vivir (buen vivir, Sumak Kawsay, ou ainda o Teko Porã ou Nhandereko dos Guaranis), onde se inserem dimensões subjetivas do desenvolvimento, bem como o respeito à diversidade cultural e as cosmovisões dos povos indígenas, propomos em nossa pesquisa, a partir de um “olhar etnográfico”, ainda que em estágio da pesquisa bibliográfica, mas que futuramente ir-se-á a campo, compreender, se há nas comunidades indígenas do Tocantins elementos cosmológicos que, quando percebidos e compreendidos pelo estudo antropológico poder-se-iam configurar também como “movimentos de resistência” aos modelos de desenvolvimento “convencionais”. É nesse sentido, portanto, que se propõe a construção de uma cartografia do bom viver, pelo método etnográfico, para se pensar o que é desenvolvimento e políticas públicas para tais comunidades, quais seus limites e potencialidades e quais suas estratégias enquanto “movimentos de resistência” e de construção de utopias para outros mundos possíveis.