Ponencia

A fotografia indígena documental e a sua potência entre atos.

Parte del Simposio:

SP.28: Memorias y comunicación indígenas: construcción de espacios de organización y visibilización de luchas en contextos de subalternización

Ponentes

Ítalo Mongconãnn

Universidade Estadual de Campinas - Unicamp

Partindo do ensaio fotográfico documental “15-05-2019 (r)existência”, pretendo analisar a potência das imagens quando registrado a luta de nós, estudantes indígenas dentro da Universidade Federal de Santa Catarina (2019), também, discutir em que medidas esses registros fotográficos ou o ato fotográfico, podem serem vistos como uma “nova ferramenta de luta” dentro do movimento indígena, e não apenas como um material de registro histórico do momento em si. Esse trabalho de análise, também tem como objetivo refletir sobre questões de estética e política na narrativa fotográfica documental, tentando entender como essas reverberam nesse processo do fazer movimento social. Entendo que essa forma/linguagem fotográfica, estabelece uma relação muito intima entre o fotografo, a câmera e o fotografado, pois é preciso que se tenha essa aproximação com o outro (sujeito/agente) para que se possa captar para além das expressões, ou seja, trazer para a fotografia não somente o olhar, sentimentos ou veracidade, mas sim a “alma” do retratado ou da imagem. Pois observando os registros que fiz naquele dia, pude entender a expressão marcante nos rostos dos agentes, pois os mesmos são fortes e nos remetem as grandes lutas de nossos ancestrais. Então, acredito que consegui captar essa “alma” dos fotografados para o ensaio, pois os registros em primeiro plano, planos abertos e outros em planos detalhe, fazem com que possamos olhar para dentro da imagem podendo ver as múltiplas camadas presentes nela. Nesse sentido, considera-se que toda a fotografia tem sua história a qual quando (re)visitada, nos faz ir e vir no tempo, quando olhamos o instante capturado, ele nos faz reviver várias emoções, o que se aproxima de nossas oralidades quando começamos a memorar nossos pais, avôs e familiares na luta por nossos territórios e tantas outras. Assim vejo que a fotografia tem o poder de observar e somar na luta e resistência indígena, mas qual seria de fato seu papel? Para ajudar a compreender sobre esse e os pontos que pretendo abordar nesse artigo, utilizarei autores como Georges Didi-Huberman, Michael Freeman, Edigar Xakriabá, Etienne Samain, Sandra Benites, Alfred Gell e outros que dialogam com a fotografia e com a antropologia da imagem. Cabe ressaltar que o ensaio fotográfico e a escrita desse artigo, estão sendo pensados e desenvolvidos por um doutorando indígena Laklãnõ/Xokleng.