Ponencia

(Re)desenhos de famílias – cárcere de mulheres-mães e circulação de crianças, uma realidade em construção

Parte del Simposio:

S.P. 75: Experiências de maternagem, práticas de cuidado e políticas de reprodução social na América Latina

Ponentes

Daiana Sousa

UnB

Miquelly Barbosa da Silva

Universidade de Brasilia

Este artigo parte da experiência de mulheres em situação de cárcere. Uma conjuntura que faz emergir implicações sobre o cotidiano de seus filhos que, por sua vez, passam a circular, bem como gera efeito sob a maternidade dessas mulheres, em (re) desenhos de famílias por meio da parentalidade, novas possibilidades de maternidade e maternagem. Por esse viés, o artigo problematiza, a partir de dados empíricos coletados em diário de campo de pesquisa, o fenômeno social da circulação de crianças e os novos arranjos de família no contexto de privação de liberdade de mulheres-mães. Esse panorama está ancorado em relações sociais estabelecidas a partir das crianças que têm as genitoras em situação de cárcere, seja ela em prisão temporária ou prisão definitiva, revelando as rupturas geradas e as incongruências na acessibilidade e manutenção do direito à maternidade. Tem-se como objetivo a análise da conjuntura e das práticas familiares vivenciadas a partir da prisão e se funda na perspectiva de reflexão sobre as hegemonias do contexto de maternidade, sua remodelagem e os efeitos que surgem a partir de seu exercício ou não exercício. Em uma compreensão metodológica, busca-se realizar uma análise qualitativa e de revisão de referencial teórico por meio de pesquisas já realizadas, estando o panorama teórico fundamentado na categoria de gênero de Lia Zanotta Machado, através de um olhar sob os aspectos práticos do cotidiano que o sistema penal constrói sobre crianças, mães e parentalidade através de Cinthya Sarti, Cláudia Fonseca, Jessaca B. IeinAweAver, Rosamaria Giatti e Nubia Ferreira, bem como em uma leitura sobre maternidades e maternagens no sistema carcerário pela perspectiva de Ana Gabriela Mendes Braga e Bruna Angotti. Como possível resultado tem-se que o Estado através do sistema carcerário provoca rupturas nas relações mãe-filho, forçando uma possível circulação de crianças entre avós, tias e vizinhas, em que a prisão e a força social remodelam as relações consanguíneas.