Este artigo parte da experiência de mulheres em situação de cárcere. Uma conjuntura que faz emergir implicações sobre o cotidiano de seus filhos que, por sua vez, passam a circular, bem como gera efeito sob a maternidade dessas mulheres, em (re) desenhos de famílias por meio da parentalidade, novas possibilidades de maternidade e maternagem. Por esse viés, o artigo problematiza, a partir de dados empíricos coletados em diário de campo de pesquisa, o fenômeno social da circulação de crianças e os novos arranjos de família no contexto de privação de liberdade de mulheres-mães. Esse panorama está ancorado em relações sociais estabelecidas a partir das crianças que têm as genitoras em situação de cárcere, seja ela em prisão temporária ou prisão definitiva, revelando as rupturas geradas e as incongruências na acessibilidade e manutenção do direito à maternidade. Tem-se como objetivo a análise da conjuntura e das práticas familiares vivenciadas a partir da prisão e se funda na perspectiva de reflexão sobre as hegemonias do contexto de maternidade, sua remodelagem e os efeitos que surgem a partir de seu exercício ou não exercício. Em uma compreensão metodológica, busca-se realizar uma análise qualitativa e de revisão de referencial teórico por meio de pesquisas já realizadas, estando o panorama teórico fundamentado na categoria de gênero de Lia Zanotta Machado, através de um olhar sob os aspectos práticos do cotidiano que o sistema penal constrói sobre crianças, mães e parentalidade através de Cinthya Sarti, Cláudia Fonseca, Jessaca B. IeinAweAver, Rosamaria Giatti e Nubia Ferreira, bem como em uma leitura sobre maternidades e maternagens no sistema carcerário pela perspectiva de Ana Gabriela Mendes Braga e Bruna Angotti. Como possível resultado tem-se que o Estado através do sistema carcerário provoca rupturas nas relações mãe-filho, forçando uma possível circulação de crianças entre avós, tias e vizinhas, em que a prisão e a força social remodelam as relações consanguíneas.