Ponencia

Pesquisa antropológica em contexto interdisciplinar: desafios e oportunidades de uma pesquisa qualitativa na área de migrações transnacionais e saúde

Parte del Simposio:

SP.6: Debates, reflexiones y experiencias acerca de los vínculos entre la antropología y la formación de grado y posgrado en el campo de la salud

Ponentes

Denise Martin

Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP

Denise Martin

Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP

Alexandra Gomes de Almeida

Cássio Silveira

A pesquisa qualitativa multicêntrica ‘Acesso à saúde e vulnerabilidades de migrantes internacionais no contexto de disseminação da COVID-19’ tem como objetivo identificar as problemáticas relacionadas à saúde e ao adoecimento, ao acesso aos serviços de saúde e à proteção social dos migrantes internacionais e refugiados no contexto da pandemia de COVID-19. Está sendo desenvolvida em 6 estados (SP, SC, PR, MG, AM e MT), locais de importante presença de migrantes no Brasil, articulando uma rede nacional e internacional de pesquisadores com diversas formações no campo da Saúde Coletiva (de 2022 a 2025).
Objetivos: Discutir criticamente o processo de construção e manutenção de uma rede de pesquisa multicêntrica e interdisciplinar no campo das migrações transnacionais e saúde.
Metodologia: Descrever a estrutura de organização do projeto a partir de seus participantes, os processos de trabalho, as abordagens teórico metodológicas, suas limitações e potencialidades.
Resultados e discussão. 1. A rede se constitui por diversas formações acadêmicas (Antropologia, Sociologia, Psicologia, Fisioterapia, Medicina, Serviço Social e História), experiências de pesquisa com migrantes e abordagens metodológicas distintas, no Brasil, República Argentina, Estados Unidos, Espanha e Portugal. 2. Tensões teórico metodológicas e decisões consensuadas: a apropriação sobre os temas do projeto, os objetivos e os procedimentos metodológicos previstos foram revistos a partir das experiências locais e adaptados para o desenvolvimento da pesquisa de campo como uma equipe. O projeto se delineou sob o eixo teórico metodológico da Antropologia, na perspectiva das migrações transnacionais. Na execução das tarefas era constante a provocação de manejo das diversidades de formações, linhas de pesquisa e diferentes contextos de fluxos migratórios. O desafio era reconhecer as diferenças e fomentar pontes e identidades. As técnicas da pesquisa de campo foram: entrevistas em profundidade com roteiro semiestruturado, contextualização do campo e da situação da entrevista. 3.Diferentes nacionalidades de migrantes em múltiplos contextos O contexto socioeconômico e cultural de cada local apresenta características históricas próprias e dinâmicas. Participaram de pesquisa migrantes originários da Bolívia, Haiti, Síria, Venezuela e Angola. A visibilização das diferenças considerou os processos e fluxos migratórios locais, sempre em movimento e à luz dos impactos da pandemia nos modos de vida, cuidado e inserção social. Foi fundamental não “naturalizar” as nacionalidades e as nações, como grupos homogêneos e harmônicos. A pesquisa de campo foi realizada em três dimensões: 1. contextualização com dados sociodemográficos e de observação participante em cada local da pesquisa 2. Entrevistas em profundidade com (84) migrantes internacionais ou pessoas refugiadas e contextualização da situação da entrevista. 3. 13 entrevistas em profundidade com representantes de associações, organizações da sociedade civil que atuam junto aos migrantes internacionais, trabalhadores de saúde e gestores públicos (total de 36).
Conclusões: O desenvolvimento de uma pesquisa qualitativa com este design apresenta desafios teórico metodológicos e de gestão, em constante negociação. Os resultados apresentarão a diversidade e complexidade dos impactos da pandemia na vida destes grupos.