O presente trabalho busca entender como os conflitos envolvendo grupos étnicos que enfrentam a luta pela terra e por direitos na seara institucional do judiciário brasileiro, transformam as “cicatrizes” deste enfrentamento como marcador que se insere como elemento de confirmação identitária, registrando-os inovações e “invenções” dos processos políticos de construção da identidade. O processo se insere na memória do grupo e seus membros, assumindo a posição de elemento distintivo e definidor de individuação do grupo, reforçando a fronteira étnica. Em assim sendo, interrogamos a realidade a partir de um estudo documental, que vai realizar um levantamento dos processos envolvendo comunidades “quilombolas” no Brasil, que são comunidades negras marcadas por processos de resistência e luta pela terra, e ainda, com memória ligada ao regime de escravidão. Com isto, depois de quantificar os processos no Brasil, individuamos os conflitos judiciais enfrentados pela Comunidades Quilombola da Lagos dos Índios, que é um quilombo urbano na cidade de Macapá, no Estado do Amapá, situado no extremo norte da Amazônia brasileira. Neste fazer científico, interrogaremos os membros da comunidade citada visando verificar a existência de marcadores identitários relacionados aos processos judiciais que a comunidade vem enfrentando, principalmente envolvendo as disputas territoriais que envolvem interesses de especulação imobiliária, que foi o dado levantado preliminarmente. A pesquisa está em andamento, portanto, quando da apresentação do presente trabalho, teremos um conjunto mais robusto de informações para comunicar. Preliminarmente pretendemos indicar o cosmo epistemológicos que vamos acionar para fazer a presente pesquisa e que norteia o olhar destes pesquisadores, o primeiro é Pierre Bourdieu, pois este ajuda a entender o campo e os processos de luta por dizer o direito, relacionando este a Vitor Turner, que nos instrumentaliza com os processos de escalada da área jurídica e, por último, vamos acionar F. Barth que vai nos apresentar a teoria da etnicidade. Em assim sendo, os dados coletados na pesquisa de campo serão lidos sobre a luz destas contribuições teorias, atribuindo sentidos os elementos empíricos. A pesquisa encontra-se andamento e o presente recorte é um objetivo específico de uma pesquisa maior desenvolvida no âmbito do Laboratório de Estudos em Movimentos Sociais, Trabalho e Identidade (LEMIST), o qual os presentes pesquisadores são membros.