Ponencia

Maternidade e Produção Científica: as produções científicas sobre o cuidar e o fazer acadêmico

Parte del Simposio:

S.P. 75: Experiências de maternagem, práticas de cuidado e políticas de reprodução social na América Latina

Ponentes

Glaucia Fernanda Oliveira Martins Batalha

UFMA/CEST

Rarielle Rodrigues Lima

Universidade Federal do Maranhão

Andréa Joana Sodre de Sousa Garcia

As produções discursivas que se entrelaçam com as relações sociais de gênero e as vivências na academia demonstram as diferenças de acesso e permanência de mulheres nos espaços de poder e saber, especialmente quando estas mesmas mulheres são mães e isso se intensifica, quando se demarca o cuidado com crianças pequenas. A maternidade no cotidiano da universidade tem sido levantada reiteradamente na tentativa de mobilizar propostas que visibilizem as demandas sutis e silenciosas que o fazer acadêmico e sua produtividade inferiorizam como não existentes, por conseguinte, desnecessárias. As reivindicações de espaços, prazos e mudanças de condutas profissionais fazem parte do rol cotidiano de mulheres-mães-pesquisadoras, no entanto tais posicionamentos são direcionados para as esferas privadas/pessoais e não avançam em qualidade nos espaços públicos de poder e das produções científicas. Desse modo, nosso estudo tem como objetivo apresentar elementos discursivos que atravessam os acontecimentos do cuidar de crianças (maternagem) e se relacionam diretamente com as demandas constituídas nos espaços das universidades que demarcam as fronteiras de permanência de mulheres-mães como sujeitas não-produtivas em comparação com sujeitos não-mães, na lógica desumana e mecanizada do se estabelece como produtividade científico-acadêmica. Para alcançarmos as mobilizações discursivas, destacamos as categorias analíticas de gênero, feminilidade, maternidade e produtividade nos espaços acadêmicos a partir das produções teóricas de Butler, Valeska Zanello, Simone de Beauvoir entre outras/os. A partir de uma escrita etnográfica das escrevências subjetivas e escrivivências, evidenciando o emaranhamento discursivo que condensa a invisibilidade da economia do cuidado, as relações de cuidar e a expectativa da mãe-heroína como chaves de leitura das desigualdades constituídas nos espaços da academia e na quantificação do que é ser produtiva na universidade. Desse modo, as inquietações sobre as condutas direcionadas para estas sujeitas e as ações desenvolvidas na tentativa de reduzir o apagão do lattes que engendra uma outra temporalidade de produzir e fazer conhecimento científico tem mobilizados tensionamentos sobre rearranjos situados, mas que precisam ser ampliados em processos de construção coletiva para reconhecimento de uma outra academia e do fazer ciência com e por mulheres-mães.