Esta comunicação analisa a prática das mulheres nas capoeiras Angola e Contemporânea. A investigação está baseada em pesquisa etnográfica de doutorado em curso que busca revelar como as mulheres têm construído esse fazer, como ele se apresenta e como altera os saberes e poderes dessa prática. Para isso, trago a capoeira enquanto uma prática corporal e esportiva circunscrita em uma performance que envolve luta, arte, dança, competições e que se refaz a cada época, ao mesmo tempo, reflito a partir das concepções e dos marcadores de gênero que essa prática carrega. Ao olhar para a capoeira a partir do corpo da mulher, questiona-se a tradição da masculinidade construída até aqui, uma vez que, o que foi estabelecido como “ser capoeira” ao longo de muito tempo está assentado em uma ideia de tradição que normatiza e apresenta a capoeira em uma perspectiva marcadamente masculina, um marcador que pode gerar desigualdades, principalmente tendo em vista as padronizações corporais que acabam por desencadear preconceitos, diferenças e criar dificuldades para corpos que não se adequam as dinâmicas hegemônicas, visto que, apesar de ser um fazer caracterizado enquanto luta questionadora, a capoeira não está livre de relações com referências patriarcais e masculinistas. Também coloco o corpo da mulher como um campo que articula subjetividades e emoções por meio da performance, um processo que reelabora e expressa sentidos para as experiências com a prática da capoeira. Para a realização do estudo utilizo da observação participante em uma vivência com as mulheres em rodas, eventos, treinos, aulas, competições, encontros e entrevistas com o intuito de mostrar a construção desse fazer. Lanço mão do caderno de campo e gravador para a realização das entrevistas semiestruturadas ou não. Portanto, é possível identificar que o corpo da mulher nesse espaço pode ser refletido enquanto uma prática de negociação, que revela estratégias diversas das mulheres para a sua recolocação e visibilidade na capoeira.