No Brasil, as práticas de matriz africana são frequentemente alvos de discriminação e
violência, o que constitui uma violação da liberdade religiosa. Segundo dados sobre
intolerância religiosa, os crimes em razão da religião aumentaram 45% no País nos últimos
anos (Santos et al, 2023; Silva, 2023). Os ataques mais frequentes são direcionados às
religiões de matriz africana. O Estado brasileiro, apesar de se declarar laico, tem uma postura
ambivalente em relação ao racismo religioso. Por um lado, o Estado promulga leis e políticas
que garantem a liberdade religiosa. Por outro lado, o Estado tolera e, em alguns casos, até
mesmo incentiva o racismo religioso (Hartikainen, 2021). Além disso, a mídia, também
desempenha um papel notável e contribuinte para este cenário (Freitas, 2008; Lindoso, 2008).
Este trabalho é fruto do projeto de pesquisa intitulado “O sagrado e o segredo: Netnografia
das práticas afro-religiosas do tambor de mina no youtube” vinculado ao Núcleo de Pesquisa
em Educação e Cibercultura (NUPEC) do Instituto Federal do Pará, o qual busca
compreender as representações das religiões de matriz africana no Brasil dentro do espaço
midiático, particularmente no que diz respeito à manifestação de racismo religioso. Assim,
objetivou-se ser realizado uma revisão literária de natureza documental, exploratória e
abordagem quantitativa. Sendo a realização de coleta, amostras representativas de textos ou
imagens por meio de notícias no espaço digital, coletadas no período de 2010-2023, tendo
como recorte a região do estado do Pará, Brasil. Em seguida, foi realizado uma análise de
conteúdo (Richardson, 2023; Prodanov, 2013) que destacou as representações estereotipadas
e negativas, além de identificar os fatores que impulsionam o racismo midiático. Como
resultados, esta pesquisa revela a profundidade do racismo religioso manifestado na mídia
brasileira e sua influência na invisibilidade das religiões de matriz africana. Esta pesquisa
busca contribuir para o entendimento crítico das dinâmicas entre a mídia, as religiões afro-
brasileiras e o racismo religioso. Os resultados sugerem que o Estado brasileiro deve adotar
políticas públicas para promover a inclusão das religiões de matriz africana na mídia, a fim de
combater o racismo religioso e garantir o pleno exercício da liberdade religiosa no país,
sendo destinado a proteger os direitos das comunidades afro-brasileiras e preservar sua rica
herança cultural e religiosa.