Ponencia

Impactos da pandemia COVID-19 sobre a maternagem de mulheres rurais na América Latina

Parte del Simposio:

S.P. 75: Experiências de maternagem, práticas de cuidado e políticas de reprodução social na América Latina

Ponentes

Danielle de Castro Silva Lobato

Universidade de Brasília

Atualmente, apesar das mulheres rurais representam 43% da mão de obra agrícola (FAO, 2018) a maior parte se encontra no trabalho informal “En América Latina solo el 51 % de las mujeres tiene una cuenta corriente, 7 puntos porcentuales menos que los hombres” (CEPAL, FAO, IICA, 2019). Ou seja, a falta de acesso a recursos produtivos e a sobrecarga de trabalhos domésticos não remunerados dificultam que essas mulheres sejam reconhecidas como sujeito de direitos, a partir das singularidades vividas por cada uma delas que fortaleçam as construções de políticas públicas para a inserção social, econômica e política dessas mulheres.
A falta de acesso à água, energia elétrica, serviços de saúde, questões previdenciárias, acesso e controle de terra, capacitação, serviços financeiro e digitais, analfabetismo, insegurança alimentar e nutricional, violências domésticas, sobrecarga de trabalhos domésticos e maternidade são algumas das barreiras sociais que essas mulheres encontram em seu cotidiano. É importante salientar que a relação entre terra e maternidade faz parte da experiência vital dessas mulheres.
A criação dos filhos fica na prática social, cultural e no imaginário como responsabilidade quase exclusiva da mãe. Sendo assim, a saúde mental, educação e saúde física dessas mulheres acabam ocupando o segundo plano para priorizar a criação e educação desses filhos “La educación de las y los hijos se tornou en un tema clave para las mujeres rurales durante la pandemia. El 58% de las personas entrevistadas indicó que la pandemia tuvo un impacto negativo sobre la escolaridad de niños/niñas de su comunidad” (PNUD, FAO, RED-LAC, 2023, p.42). Nesse sentido, relata a jovem brasileira:
“Nosotras las mujeres tenemos triple jornada, eso es indiscutible. En el Asentamiento es la sobrecarga de las mujeres, porque a las tareas domésticas, el estudio si estudian, las huertas, la producción de animales, entre otros, vino a sumarse el acompañamiento educativo de los hijos.” (PNUD, FAO, RED-LAC, 2023, p.41). Em um contexto de América Latina, a divisão sexual do trabalho, e esse lugar de cuidadora da casa, do esposo e dos filhos dificultam tomar os espaços de produção de forma remunerada.
Por conseguinte, a pandemia, conjuntamente com as mudanças climáticas acirrou ainda mais essas desigualdades, com o aumento da violência doméstica e dificultando o acesso à alimentação “En el 2020, alrededor del 46% de las mujeres rurales vivían en condiciones de pobreza extrema, el 40% de los hogares con jefatura femenina vivía en pobreza y 19% en pobreza extrema, medida en ingresos (CEPALSTAT, 2023).
Por fim, as mulheres rurais acabam ficando à margem da sociedade apesar de serem produtoras históricas, e uma das principais responsáveis pelas mobilizações que falam de uma outra dimensão de projeto de sociedade e da produção da agricultura no mundo.

SILIPRANDI, Emma. Mulheres e agroecologia: transformando o campo, as florestas e as pessoas. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2015.
CEPALSTAT (2023). Base de Datos y Publicaciones Estadísticas. Disponible en: https://statistics.cepal.org/portal/ cepalstat/dashboard.html?lang=e
CEPAL, FAO & IICA (2021). Perspectivas de la agricultura y del desarrollo rural en las Américas: una mirada hacia América Latina y el Caribe 2021-2022.