Ponencia

Experimentações e proposições multiespecificas indisciplinares no âmbito de um curso de graduação em design

Parte del Simposio:

SP.64: Prácticas de futuro a través del arte: pensando comunidades, ritualidades e imaginarios compartidos

Ponentes

jeanine

UFRJ

Proponho debater experiências projetuais desenvolvidas no âmbito de um curso de graduação em design que enfatizam abordagens do design em diálogo com disciplinas como arte e antropologia.

Nessas experiências, realizadas em colaboração com estudantes e outros aglomerados viventes, como Kombuchas e micélios, buscamos incentivar indisciplinas políticas e (po)éticas, em correspondência com Tim Ingold (2012; 2013), Donna Haraway (1995; 2016), Karen Barad (2017), Bruno Latour (2019; 2020); Lynn Margulis (2020) entre outros autores e práticas simpoiéticas. Com atenção aos processos, com-fiamos design como meio de construir comunidades e abrigos. Via intra-ações entre corpos e ideias, agentes humanos e mais-que-humanos culminam em criações que convidam à contaminação e florescimentos multiespecíficos.

As percepções deflagradas pelo convívio com-os-vivos e por essa prática composta (composta entendida aqui como verbo e adjetivo) deslocaram as perspectivas teórico-conceituais, relativas às linguagens que deveríamos-poderíamos-quereríamos recorrer na representação dessas experiências-projetos. Como produzir escritas, objetos, imagens mais acolhedores aos fluxos vividos?

Assumindo riscos, o exercício projetual se constrói como uma expressão de como aprendemos o mundo por meio de nossa prática, à medida que entendemos esta prática por meio do mundo.

Viver, lecionar e criar produtos em um mundo assombrado por cenários catastróficos de futuro-presente se faz hoje uma tarefa tão arriscada quanto urgente. Com quem nos aliamos? Para quem nossas práticas tem contribuído?
Dentre os inúmeros riscos, há ainda os que nos assombram como heranças de visões e éticas modernas, constitutivas dos modos de ação projetuais que nos serviram de fundamento e que por vezes ainda parecem por demais presentes nas práticas projetuais contemporâneas. Muitas vezes, o desejo de pensar e projetar futuros opera a partir dessa ética moderna, atrelada a ideias de desenvolvimento, de progresso, de controle com as quais já não podemos pactuar. Como afirma o líder indígena, ambientalista, filósofo, poeta e escritor Ailton Krenak: “Temos que parar de nos desenvolver e começar a nos envolver” (KRENAK, 2020, p.13).

BARAD, Karen. Performatividade pós-humanista: vpara entender como a matéria chega à matéria. [S. l.], v. 01, n. 01, p. 29, 2017.
HARAWAY, Donna. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, Campinas, n. 5, p. 7-41, 1995.
________. D. Staying with the trouble : making kin in the Chthulucene / Donna J. Haraway. Durham : Duke University Press, 2016. ISBN 9780822373780 (e-book).
INGOLD, Tim. Trazendo as coisas de volta à vida: emaranhados criativos num mundo de materiais. Porto Alegre: Horizontes Antropológicos, ano 18, n.37, p.25-44, jan/jun. 2012.
______, D. Making: anthropology, archaeology, art and architecture. London: Routledge, 2013.
KRENAK, Ailton. A vida não é útil. São Paulo : Companhia das Letras. ISBN 978-85-5451-795-3
LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos: Ensaio de antropologia simétrica. 1ª edição ed. [s.l.] : Editora 34, 2019.
___. Diante de Gaia: Oito conferências sobre a natureza no Antropoceno: 8. 1ª edição ed. [s.l.] : Ubu Editora, 2020.
MARGULIS, Lynn; SAGAN, Dorion; GUERRERO, Ricardo; RICO, Luis. Propriocepção quando o ambiente se torna o corpo. Dantes Editora Biosfera, Cadernos SELVAGEM. [S. l.], n. 07, Cadernos SELVAGEM, 2020.