Ponencia

“Eu passei muitas coisas, tia” – exercícios de escuta de crianças imigrantes e refugiadas no Brasil

Parte del Simposio:

SP.31: Procesos educativos en contextos de migración y desigualdad. Experiencias formativas, identificaciones y relaciones generacionales

Ponentes

Luciana Hartmann

Universidade de Brasília

Esta comunicação pretende compartilhar os primeiros resultados do projeto em rede, sediado na Universidade de Brasília, intitulado “Infâncias protagonistas: uma proposta colaborativa de criação de políticas públicas para a integração de crianças imigrantes e refugiadas em escolas brasileiras”. O projeto foi iniciado em 2022 e conta com fomento do edital Pró-Humanidades do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico/CNPq – Brasil. Desenvolvido sob uma abordagem colaborativa e multidisciplinar entre crianças imigrantes e refugiadas, pesquisadoras brasileiras e estrangeiras, professoras da educação básica, gestores de instituições de acolhimento e membros da sociedade civil, o projeto dá continuidade a pesquisas que a equipe já vem realizando desde 2013 em escolas públicas, universidades e ONGs no Brasil, Uruguai, França, Portugal, Espanha e Moçambique. Embora a Resolução nº 1, de 13 de novembro de 2020, emitida pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, garanta o direito à matrícula em escolas públicas por crianças imigrantes no Brasil, sua concretização ainda encontra uma série de entraves, sobretudo por imputar a responsabilização às escolas, sem que tenha havido um debate sobre estratégias de integração e a devida formação e apoio às professoras. Visando contribuir de forma concreta com essa questão, a equipe do projeto atua metodologicamente em três frentes: 1. Levantamento de dados bibliográficos e estatísticos que visam a elaboração de um panorama da inserção atual das crianças imigrantes e refugiadas em escolas brasileiras; 2. Processos de escuta e cocriação com as crianças por meio de práticas artísticas e etnográficas, enfatizando seu protagonismo; 3. Formação continuada de professoras, com a elaboração e realização de oficinas de sensibilização à diversidade cultural em diferentes regiões do país. Embora três frentes do projeto estejam sendo desenvolvidas paralelamente, neste momento pretendemos enfatizar a segunda (processos de escuta e cocriação com as crianças). Por este motivo escolhemos a frase que dá título a essa comunicação, que foi pronunciada por uma de nossas interlocutoras, uma menina venezuelana moradora do Distrito Federal/Brasil. Assim como ela, diversas crianças imigrantes e refugiadas têm compartilhado suas histórias – não apenas de imigração – conosco. Essas histórias estão dando origem a um podcast e jogos (de cartas e de tabuleiro) que pretendemos apresentar e colocar em debate com as participantes do Simposio.