Ponencia

Ensino superior como caminho para um mundo melhor: Do sonho à realidade

Parte del Simposio:

SP.25: El derecho a la educación superior en AL: Desigualdades persistentes y prácticas alternativas

Ponentes

SELMA CRISTINA DOS SANTOS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

Flávia Valéria Cassimiro Braga Melo

Universidade Estadual de Goiás

Somos duas professoras (e também antropólogas) da região centro-oeste do Brasil que desejam se juntar a esse debate, a fim de fazer parte desse importante e raro espaço de interlocução sobre nossas preocupações e vivências, marcadas pelo ensino de Antropologia, em realidades diversas, presentes nas universidades públicas e particulares latino-americanas. A proposta é apresentar relato de nossas experiências cotidianas em sala de aula, com alunas e alunos, tão diferentes e plurais entre si. Faremos o exercício recomendado por Bell Hooks em Ensinando a Transgredir (2017), pondo-nos a reconhecer a sala de aula como lugar de correr os riscos da prática de ensino engajado, deixando-nos abertas às possiblidades reflexivas, ao espaço das alteridades e das diferentes subjetividades. Assim, retrataremos sobre nossas vivências em dois universos distintos: o ensino numa universidade pública (Universidade Estadual) e o ensino numa universidade particular. Ambas situadas numa região metropolitana de Goiás, que acolhe um número considerável de migrantes vindos de outros estados, sobretudo do Maranhão e Tocantins, fugindo da pobreza e/ou em busca de uma vida melhor. Nessa busca deste mundo melhor inclui-se o “fazer faculdade” para ter melhores salários. Nessa pluralidade de alunas e alunos incluem-se pessoas adultas com idade acima dos trinta anos de idade, estudantes negros e pardos, pobres, mulheres, mães, proletariados, cristãos, etc. Enfim, são duas instituições sediadas em um mesmo município, mas com situações internamente dispares. A ideia é relatar sobre as condições em que o ensino de antropologia e disciplinas de áreas afins é realizado (condições ligadas aos alunos) – no caso da instituição pública: ensino matutino, com significativa parcela de estudantes jovens, oriunda de colégios públicos miliares, moradora da periferia da região metropolitana, cristã, usuária de transporte público e muito polarizada em suas posições políticas (lulistas e bolsonaristas), Já no caso da instituição particular, tem-se a realidade do ensino noturno, com pessoas mais velhas, que voltaram a estudar fazendo EJA, mulheres que trabalham durante o dia em serviços muito pesados e com sobrecarga de responsabilidade familiar, muitas delas sem redes de apoio por serem de outros estados. Levando em conta essa disparidade pretendemos mostrar como os diferentes atores envolvidos significam o estar fazendo faculdade, o impacto disso em suas vidas, no ambiente familiar e em seus locais de origem. O desejo de partilhar nossas experiências se concentra também na expectativa de que a troca de experiências nos ajude a encontrar caminhos/estratégias de ensino que possibilitem uma formação profissional e para a vida, formação esta que de alguma maneira sirva de acalento para as tantas dores sofridas.