Ponencia

Cursinho Popular Marielle Franco: Educação Popular para romper os muros da Universidade

Parte del Simposio:

SP.21: Experiencias educativas y escolares de jóvenes en contextos de desigualdad social. Debates y reflexiones desde la investigación antropológica

Ponentes

Juliette Scarlet Santos

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Este trabalho é resultado de uma etnografia realizada, entre 2019 a 2021, no Cursinho Popular Marielle Franco da Rede Emancipa, um movimento social de abrangência nacional com atuação em diversas cidades do Brasil. O cursinho se localiza na cidade de Natal, no estado Rio Grande do Norte, na região do Nordeste brasileiro. A pesquisa foi realizada com o fim de produzir uma dissertação de mestrado, defendida em maio de 2021, e teve como metodologia de campo a Investigação-ação Participativa, devido ao meu trabalho no cursinho como professora de Sociologia e militante do movimento. A Rede Emancipa se reivindica enquanto um movimento social de educação popular que se organiza nacionalmente através, principalmente, de cursinhos populares preparatórios para o Enem e vestibulares, voltados à população vulnerável socioeconomicamente, negra e estudantes oriundos da rede pública de ensino. A pesquisa investigou algumas questões que circundam a existência do cursinho: como se dão as práticas educativas quando se faz necessário a crítica e denúncia do caráter excludente dos vestibulares e Enem e, ao mesmo tempo, a proposta de viabilizar o acesso das camadas populares às Universidades Públicas? Como lidar com esse conflito quando os/as estudantes dos cursinhos populares, comumente, são excedentes que ficam de fora das vagas? Além disso, quais os usos e apropriações da categoria “educação popular”, considerando a interlocução entre o movimento social e a militância partidária no cursinho e na rede? Isto posto, pretendo neste trabalho lançar luz a algumas elaborações discursivas, estratégias de organização e conflitos observados em campo, evidenciando o caráter plural, dinâmico e multifacetado do Cursinho Marielle Franco. Ademais, faço uma análise etnográfica sobre as experiências educativas com os/as jovens e adultos do cursinho, evidenciando os constructos socioculturais que os/as levaram ao cursinho, a partir das práticas educativas existentes não apenas em sala de aula, como também nos outros espaços como os Círculos de Cultura e as Oficinas, assim como nas próprias relações afetivas construídas neste espaço.