Ponencia

Conflitos socioambientais e impactos sobre práticas e saberes tradicionais no bairro do Robalo – Aracaju/SE

Parte del Simposio:

SP.66: Povos indígenas e comunidades tradicionais: desafios da violência em conflitos territoriais e socioambientais no século XXI

Ponentes

Ugo Maia Andrade

Universidade Federal de Sergipe - Brasil

A comunicação pretende abordar os resultados parciais de uma pesquisa em curso sobre mudanças nas relações socioambientais no bairro do Robalo, área de transição para a zona rural, na cidade de Aracaju, capital do estado de Sergipe, Brasil. Esta é uma região de ecossistemas marinho, ribeirinho e lacustre habitada por famílias que desenvolvem atividades sustentáveis e de subsistência voltadas para a pesca, agricultura e coleta de aratu, caranguejo, sururu, massunim e ostra, crustáceos e moluscos que vivem no manguezal que cerca parta da comunidade. A tais atividades, por sua vez, associam-se conhecimentos muito precisos, a exemplo das técnicas de pesca e de captura de caranguejos, saberes sobre os ciclos da maré, hábitos e ciclos de vida de espécies animais; crenças, como a presença da caipora no mangue, e expressões coletivas, como o reisado e os mutirões para o plantio e colheita de roças. Em paralelo, a região vem experimentando uma série de intervenções do poder público e iniciativa privada, como pavimentação das duas rodovias que dão acesso a ela, degradação do rio Santa Maria e de seus manguezais e aterro das lagoas para a construção de grandes condomínios e loteamento, alterando as dinâmicas das águas superficiais e gerando alagamentos, além de consolidar um modo de ocupação do espaço do bairro que contrasta com o modelo de ocupação por grupos locais formados em torno da transmissão familiar da posse da terra. A pesquisa – que está sendo desenvolvida por professor e alunos de graduação do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Sergipe – busca também fornecer subsídios à mobilização das famílias impactadas contra as grandes construtoras que operam na região, beneficiadas por um plano diretor municipal que não contempla os modos particulares de relação das comunidades tradicionais na cidade de Aracaju com o espaço e meio ambiente.