Os fluxos de migração forçada aumentaram consideravelmente nos últimos anos, nesse cenário a migração venezuelana vem se destacando devido ao seu grande número de deslocados forçados na América Latina. A partir de 2014, a instabilidade econômica se intensificou nesse país, provocando uma forte escassez de alimentos, medicamentos, serviços básicos e um aumento da violência, gerando assim, a necessidade de migrar. Neste cenário, o Brasil tornou-se para uma parcela de venezuelanos um destino possível para possibilidade de melhores condições de vida. Dentre os perfis e grupos desse fluxo migratório se encontram os povos indígenas Warao, esse grupo séra o foco de estudos do presente trabalho. Sendo assim, foi realizado no decorrer da pesquisa observações da presença Warao nas áreas urbanas de Boa Vista/RR e na cidade de Nova Iguaçu/RJ em 2022, a partir dessas observações nota-se como os Warao se mobilizaram e adaptaram suas práticas culturais e de subsistência ao novo ambiente, recriando suas subjetividades, tal como seu ato de procurar rios e lagos na sociedade que escolheram como destino para ali pedir permissão e proteção para entrar naquele lugar. Essa prática é demonstração de uma reconstrução cosmológica, na medida que ela adequa/permite a constituição do princípio de «Alianças Afetivas» que parte da ideia de afetos e trocas entre mundos não iguais, reconhecendo a alteridade em cada ser ou coletivo. No processo migratório, além de mudanças econômicas, provocou mudanças intersubjetivas demonstradas na cosmologia Warao. Desse modo utiliza-se o aporte teórico da área de estudos decoloniais e de uma epistemologia originária, para identificar uma guerra entre mundos que se revela no processo de imigração Warao, em que o Estado/Nação adota concepções modernas e universalista partindo da premissa da existência de um único mundo, natural-humano, objetifica a vida e o mundo esmagando assim o modo de vida dos povos originários, colocando assim os Warao numa condição de subalternidade.
Palavras-chave: Imigração; Warao; Cosmologia.