O objetivo mais amplo desta investigação é analisar as ações e práticas de coletivos culturais que atuam nos subúrbios e na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, refletindo sobre suas dinâmicas, tanto as mais específicas operadas pelos grupos individualmente, quanto as de cunho mais coletivos, na medida em que formam redes sociais. A atenção recai em perceber quais são os temas recorrentes no processo de construção social de narrativas de valorização da vida social naqueles locais, bem como, na utilização de táticas e estratégias políticas de ressignificação dos subúrbios e lutas por reconhecimento. Cabe lembrar que no Rio de Janeiro, os processos de urbanização e as políticas públicas sempre seguiram uma lógica neoliberal de favorecimento das áreas onde vivem os moradores mais abastados em detrimento dos locais periféricos, como os subúrbios, onde vivem cerca de 80% da população. O protagonismo desses coletivos faz parte de um cenário recente, que desde cedo chama a atenção por sua potência, ao incorporarem também outras pautas ligadas aos campos da cultura e da identidade e. também na luta pelo direito à cidade. É justamente por isso que entendo que estes coletivos podem ser considerados como uma das modalidades mais expressivas dos movimentos sociais contemporâneos.