Três Rios sempre foi uma cidade com baixo índice de violência, desde assaltos até assassinatos, brigas de facções criminosas ou mortes causadas por intervenção da Polícia Militar. Mas que, de alguns anos para cá, viu esses mesmos índices aumentarem exponencialmente, algo que conseguiu mudar a rotina da população da cidade, que era uma população legitimamente interiorana .

Na perspectiva dos moradores da cidade, alguns fatores contribuíram para essa mudança, tais como a implantação de um pátio industrial, que atraiu renda e pessoas, além da inauguração de um campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, que atraiu uma grande quantidade de estudantes vindos de várias partes do país. Porém, a rotina de violência e consequentemente de medo da população mudou ainda mais nos últimos três anos, quando a facção criminosa Comando Vermelho chegou na cidade através de uma interação social que virou rotineiro nas cidades brasileiras, algo que chegou a criar as principais facções criminosas no Brasil, que é o encontro entre presos nas diversas penitenciárias brasileiras. No caso de Três Rios, um morador da cidade foi preso por roubo e, ao chegar no presídio, não se identificou com nenhuma facção, porém conhecia alguém que o levou para a ala onde estavam posicionados presos do Comando Vermelho. Chegando nessa determinada ala, ele conheceu um membro do Comando Vermelho, que seria a porta de entrada para drogas e armas dessa facção em Três Rios.

Esse fato foi preponderante para que a cidade iniciasse um momento turbulento, com uma grande quantidade de homicídios, em que prevaleceu a briga entre as facções. Isso foi algo que mexeu com a dinâmica da cidade, fazendo com que o policiamento ostensivo visivelmente aumentasse, e, com isso, as abordagens e ações violentas da polícia também.

Conseguimos observar, mesmo que no interior do estado, um processo de construção dos significados da violência com semelhanças às construções desses significados na região metropolitana do estado, já que os mecanismos dessas construções são os mesmos. A autonomização das formas não reguladas do uso da força e o seu manejo por grupos e indivíduos (PIRES, HIRATA, MALDONADO, 2020) são exemplos de semelhanças que ocorrem entre a região metropolitana e o interior do estado.

Descobri, através das entrevistas, que as formas de violência existentes aqui possuem semelhanças com as da capital e região metropolitana. Em contrapartida, consegui ver que a forma com que o instituto da Segurança Pública é, em Três Rios, tratado como algo de responsabilidade apenas das polícias e algumas vezes das guardas municipais. A partir de todas essas entrevistas e análises, cheguei à conclusão de que a Segurança Pública não é tratada da forma que deveria ser, já que possui esses apagamentos, mesmo com os índices de violência com índices de violência em crescimento constante.