Entre 2021 e 2023, ao longo de uma pesquisa de mestrado, produzi uma série de desenhos sobre os usos e sentidos atribuídos às “coisas com rodas” (conhecidos como carrinhos de mão) que são utilizadas por diferentes atores sociais no âmbito de um mercado público e de uma ocupação de catadores, localizados no Bairro dos Estados da cidade de João Pessoa, Paraíba. No ano de 2023, a partir da dimensão rica dos resultados gráficos do trabalho final da dissertação, dei continuidade a esta pesquisa no âmbito do doutorado. Esta pesquisa aqui apresentada trata-se de perambulações e linhas iniciais da minha pesquisa de doutorado a qual está inserida no campo da Antropologia, especificamente na linha de pesquisa “Produções artísticas, Imagéticas e Intelectuais” do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPCIS/UERJ). O principal objetivo é realizar uma análise abrangente dos usos e sentidos atribuídos aos carrinhos de mão, por meio de um estudo etnográfico das práticas socioculturais relacionadas a um mercado público da cidade do Rio de Janeiro, RJ/Brasil. O resultado deste estudo é a criação de um dossiê temático que servirá como proposta crítica o tombamento e patrimonialização dos ofícios de trabalho, tanto formais quanto informais, de diversos atores sociais que fazem uso desses instrumentos em seu cotidiano. Do ponto de vista metodológico, a pesquisa tem sido fundamentada na pesquisa etnográfica, que envolve observação participante, coleta de relatos orais, uso de diário de campo e diário gráfico, a criação de uma coleção de desenhos etnográficos e o levantamento de dados iconográficos em acervos públicos, inspirado principalmente em Aby Warburg com seu trabalho “Atlas Mnemosyne”. Venho me apoiando nas reflexões inspiradas pelo debate antropológico da década de 1980, nos debates teóricos de James Clifford e George E. Marcus (1983) com Writing Culture e em Roy Wagner (1986), Timothy Ingold (2000), Karina Kuschnir (2016) e Aina Azevedo (2016), influências orientadoras para repensar a criação, desenho e invenção no fazer etnográfico.