A obra é fruto da colaboração entre antropóloga/os e indígenas e procura contribuir com os
estudos sobre as políticas indígenas de contra-colonialidade, isto é, os diversos modos pelos
quais os grupos indígenas contrariam o colonialismo através de retomadas territoriais e
identitárias, retomadas linguísticas, recuperações pedagógicas e culturais. Trata-se aqui de
iniciativas de alguns grupos em retomadas e das formas que escolheram para efetivá-las.
Os capítulos do livro mostram que se retoma não apenas o território – ou os modos de habitar
e nele estar – mas, artefatos, músicas, línguas, significados. E também toma-se. Nos processos
de territorialização, contra-territorialização e contra-colonização, os grupos indígenas não
apenas retomam o que foi lhes foi tirado, mas tomam tudo aquilo que por eles seja
considerado importante e ferramenta para os próprios movimentos de retomada. Assim como
outros grupos da nação, as etnias presentes no livro, os Apyãwa, os Karitiana, os Mbya, os
Pataxó, os Puruborá, os Warazukwe e os Xakriabá, ao mesmo tempo em que retomam o
território, relembram histórias e tecnologias passadas; tomam imagens, cinemas, caminhos,
escolas, museus, universidades, instrumentos da justiça, mídia, conhecimentos dos não
indígenas. Ocupam espaços.