Presentación Editorial

HISTÓRIAS, NAÇÕES E MEMÓRIAS INSURGENTES

Presentadores

CLOVIS ANTONIO BRIGHENTI

UNILA

Autores

Comentaristas

A insurgência é um eixo norteador deste livro, o que se revela na própria concepção
sobre a História. Ela, a História, é enxergada como um saber disciplinar cuja “jurisdição”
é o passado, mas não unicamente o passado de tradições nacionais que nos foi ensinado
e legado do ponto de vista patrimonial. A reivindicação das populações ancestrais por
direitos e terras, o resgate de memórias desses povos e de minorias sociais e culturais, os
movimentos feministas, a derrubada simbólica e física de monumentos celebrativos em
diversas geografias têm fraturado as outrora rígidas fronteiras culturais do Estado-Nação.
Sem dúvidas, grupos étnicos e outras identidades têm se insurgido frente a uma interpretação parcial, distorcida e excludente desse passado, de histórias ensinadas e pesquisadas,
também de matriz eurocêntrica.
O plural das histórias que compõem o livro nos leva a certa insurgência frente a um
tipo de conhecimento histórico escolar legado sobre o passado de tradições nacionais e
de herméticas fronteiras culturais. Aquele passado, que silencia memórias e histórias, está
presente em livros didáticos de História e em monumentos celebrativos que remetem
a traumas do colonialismo como a escravidão indígena e africana. “Histórias, nações e
memórias insurgentes” é um livro que ecoa tais problemáticas e as traz ao âmbito acadêmico, dando voz a sujeitos subalternos, indo ao passado e ao presente e transpondo
fronteiras disciplinares e geográficas. Ao fazer isso o livro revela e problematiza as diversas
faces do Estado e torna protagonistas aos excluídos da História.
Precisamente, a obra está organizada em duas partes, acompanhado o debate historiográfico dos textos que compõem essa obra. Na primeira parte, denominada Estado
e Cultura se faz um diálogo com os contornos epistémicos e ideológicos que embasam o
tema do Estado dentro e fora das fronteiras nacionais; desse Estado que deseja incorporar
o conceito de nação como caminho de mão única. Ele é apresentado nesta primeira parte
do livro de forma comparada; desde seu lado sombrio; problematizando sua constituição
jurídica e identitária; explorando as interfaces com a cultura, o contexto internacional e
suas expressões identitárias em séries audiovisuais. Na segunda parte do livro denominado
Insurgências, traremos os aportes dos coletivos insurgentes, que criaram fissuras no conceito e prática de Estado-Nação e continuam a modificá-lo atualmente. Sua insurgência se
revela no protagonismo e empoderamento das mulheres na história e cultura da América
Latina, Centro América e o Caribe. Esta segunda parte também problematiza o lugar do indígena na história ensinada e pesquisada no Brasil; insurge-se contra narrativas que
assombram a historiografia e reflete sobre as expressões memoriais e monumentais de tal
insurgência no contexto latinoamericano.