Ponencia

TRAVESSIA WARAO PARA O BRASIL

Parte del Simposio:

SP.28: Memorias y comunicación indígenas: construcción de espacios de organización y visibilización de luchas en contextos de subalternización

Ponentes

Carla Soares de Souza Sampaio

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Carla Soares de Souza Sampaio

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Kelly Cristina Russo de Souza

uerj

Este trabalho tem como objetivo compartilhar informações sobre o perfil sociocultural das famílias Warao, aspectos gerais sobre o território em que estão inseridos atualmente e apresentar algumas reflexões teóricas surgidas ao longo desta travessia. Para tanto, buscaremos reconhecer a relação geopolítica hierárquica entre países do Norte Global (produtores de conhecimentos ditos universais e validados academicamente) e nós, do Sul Global. Além de investigar se há herança colonial nas práticas de acolhimento, entendendo a colonialidade como fruto da imposição eurocêntrica do modo de pensar, ser, estar e conviver no mundo, capaz de tornar os pensamentos e saberes de outros povos como o saber “outro”, na tentativa de os subalternizar e invisibilizar. Neste sentido, nossa perspectiva metodológica será participante, qualitativa, por meio da conversa, por entendermos que através do diálogo e parceria com nossos sujeitos, poderemos mergulhar em suas histórias e memórias, para ouvir o não-dito, tendo como sujeitos de pesquisa um grupo de indígenas da Venezuela, de etnia Warao, que se encontram em situação de refúgio no território periférico, Município de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense do Rio de Janeiro (Brasil) desde o ano de 2020. Escolhemos a metodologia da conversa (Moura e Lima, 2014), por ser participativa e qualitativa, possibilitando pesquisar o cotidiano de forma a nos aproximar dos sujeitos, criando vínculos de amizade e parceria com eles. Nosso referencial teórico tem como base os estudos culturais e de fluxo migratório de Hall (2003 e 2005), bem como de conceitos como interculturalidade crítica e decolonial (Walsh, 2019) e da perspectiva interseccional (Collins e Bilge, 2021). Dados iniciais da pesquisa apontam a ausência de políticas públicas a sujeitos, que se interseccionam em diferentes categorias, como: gênero, etnia, raça… Esta invisibilização se reflete também no âmbito municipal, com ausências de políticas, que orientem e responsabilizem diferentes setores da gestão pública municipal para a garantia de direitos de pessoas em situação de refúgio, sobretudo aqueles que se reconhecem a partir da identidade indígena. Também percebemos a necessidade da reformulação de concepções no atendimento à esse grupo, a partir de uma posição de maior sensibilidade, escuta e construção de estratégias, que respeitem as diferenças culturais e linguísticas deste povo.