Esta é uma pesquisa sobre a participação de crianças indígenas na preservação de seus territórios tradicionais, associando para isso três importantes categorias sociológicas: etnicidade, territorialidade e infância. Assim, esta pesquisa considera a agência de crianças indígenas na relação com seus territórios e sua participação na organização social desses territórios, contribuindo para a preservação dos mesmos e para a perpetuação de sua etnicidade, a partir de um estudo com as crianças indígenas Gavião do Maranhão. Para isto, problematizo a organização política e social de comunidades indígenas e a luta pelo território tradicionalmente ocupado frente à ação do projeto colonial e como essa luta está respaldada, dentre outros aspectos, na agência cotidiana de crianças indígenas. Esta pesquisa toma como ponto de partida o olhar das crianças indígenas sobre seus territórios, isto é, o modo como os representam e se apropriam deles, para demonstrar como sua participação é fundamental para a preservação destas comunidades territoriais e étnicas, partindo da hipótese de que essa participação também dá sentido à luta de homens e mulheres adultos. A Antropologia da Criança tem destacado o protagonismo e a agência infantil como importantes mecanismos em funcionamento junto à organização social das comunidades tradicionais. Nesse sentido, interessa a pesquisa saber: Que representações as crianças têm do território e como estas representações respaldam suas ações? De que modo elas se relacionam com estes territórios? Que ações das crianças ajudam a preservá-los? Em que medida a sua agência, já reconhecida por tais comunidades, é considerada pelo Estado e pelas pesquisas que contemplam tais comunidades? Que necessidades da preservação do território tradicionalmente ocupado são reveladas pelo cotidiano infantil? Como crianças indígenas são produtoras de territorialidade e como contribuem para perpetuar etnicidades, atualizando-as no tempo e preservando-as? Até que ponto a agência infantil dá sentido a luta de homens e mulheres pelo território? Tais questionamentos têm sido respondidos à luz das teorias antropológicas, especialmente das teorias de etnicidade e da Antropologia da Criança e são elucidados através de uma etnografia sobre como se dá a relação das crianças indígenas com seu território na luta pela sua preservação e como a agência infantil contribui para a organização social de territórios indígenas e para a perpetuação étnica destes povos. Pretende-se produzir uma etnografia da participação das crianças indígenas Gavião Phycop Catiji do Maranhão na produção de territorialidades e etnicidades.