A presente pesquisa visa a partir de um estudo com e sobre crianças analisar como crianças do ramo Calon conformam e acionam símbolos étnicos da cultura cigana para se afirmarem como crianças ciganas. Observando que este grupo vive há mais de 20 anos em São João do Paraíso (MA), cidade localizada na região sul Maranhense. Busco identificar quais símbolos são acionados pelas crianças ciganas para conformarem a identidade étnica, nesse contexto em que vivem de forma fixa e não mais de forma itinerante. Diante disso, a partir de técnicas da etnografia, como observação direta e conversas informais, além da utilização de desenhos, foi possível identificar o discernimento infantil na compreensão de elementos da cultura cigana e da constituição étnica do grupo. As crianças ciganas informaram elementos importantes na compreensão da infância Calon, além de elementos e símbolos que são acionados na compreensão do ser cigano neste contexto urbano em que vivem há mais de duas décadas. Entre esses elementos, está o que eles compreendem como cigano legítimo, que é quando ambos os pais são ciganos, o que foi dito por uma criança como cigana “puríssima”, este elemento é também fundamental para compreender este grupo, demonstrando como eles preferem casamentos entre primos, afim de que o sangue cigano se perpetue, além de ressaltar a valorização de um sangue puro. O casamento marca assim o fim da infância e início da vida adulta, entre os ciganos ainda é muito comum que isto ocorra muito cedo, pois segundo uma interlocutora “cigano casa para namorar, ao contrário dos moradores”. Outrora, foi possível identificar como o sangue, o idioma, vestes e a organização familiar são ressaltados como diferenciadores entre Calons, Calins e moradores (categoria utilizada para designar quem não é cigano).