Ponencia

Saci-Pererê e Jaxy Jaterê Guarani: Diálogos entre mitologia, etnologia indígena e astronomia cultural sobre lua, constelação Tudja’i (Homem Velho), flora, fauna e respeito à floresta

Parte del Simposio:

SP.49: Violencias y desigualdades en las relaciones cielo-tierra: la astronomía cultural como abordaje emergente de disputas cosmopolíticas

Ponentes

Rogerio Reus Gonçalves da Rosa

Universidade Federal de Pelotas

O Saci-Pererê é um personagem perneta muito admirado pelas pessoas em diversos países no mundo. Tratando-se do folclore brasileiro, é o ser mais buscado no Google Trends. O que muitos ainda não sabem é que a contribuição indígena à sua vida – nomeado também de Jaxy Jaterê, Mati-taperê, Xaxim-Tarerê, Yasy-yateré, Kambá’í, Saciave, Matinta-Perera, entre outros – é profundamente instigante e paradigmática. O presente trabalho a ser apresentado no Simpósio 49 enfatizará as narrativas sobre Saci, especialmente publicadas nas áreas de mitologia, folclore, etnologia ameríndia e astronomia cultural, as mesmas produzidas a partir da escuta de interlocutores afro-americanos e indígenas (Tupiniquim, Tupinambá, Kayowa, Taurepang, Surui-Paiter, em especial, Mbyá e Chiripa) no decorrer do século XX e XXI. O texto terá como objetivos a apresentação de alguns Saci que existem, ligados a diversas tradições culturais na América do Sul. O passo seguinte será, a partir do “Saci negrinho” e do “Saci índio”, focar certas conexões que existem entre a mitologia, a etnologia indígena e a astronomia cultural para investigar as relações do Saci, por exemplo, com a origem da lua, com as constelações tupi-guarani, em especial, com a Tudja’i (traduzida como Homem Velho, Ancião), além da relação com determinados animais e certas espécies de árvores. A seguir, destacar a relevância do Saci e outros personagens pernetas e bípedes que estão presentes em inúmeros mitos, além de analisar os motivos para que o Saci e outros seres sejam narrados com uma de suas pernas cortadas. Finalmente, considerando os modos de pensamento dos Mbyá e dos Chiripa, demostrar a ligação das divindades Ñanderú, Tupã kuéry, Karaí, Kuaray e Jaxy que habitam no céu guarani com as plantas, os animais, o Saci-Pererê, o Curupira, redundando na ideia de respeito e proteção à floresta ou à natureza (a partir da categoria já, traduzida na etnologia indígena como “dono” ou mestre).