As comunidades tradicionais aplicam seu conhecimento no cuidado da saúde e também utilizam práticas da medicina convencional para o acompanhamento e tratamento de suas crianças. Na Estratégia Saúde da Família as famílias são cadastradas e as crianças de 0 a 2 anos contam com um atendimento especial, visto que, nessa fase vivenciam vulnerabilidade e morbimortalidade infantil. Neste contexto, a pesquisa busca investigar como se harmonizam os conhecimentos tradicional e científico envolvidos na promoção da saúde de crianças no inicio da vida, em comunidades remanescentes de quilombos. De forma específica, apresentam-se os seguintes objetivos: determinar a qualidade de vida familiar e comunitária por meio de indicadores socioambientais e de saúde; consolidar as informações sobre a saúde das crianças, por meio das ações da Estratégia de Saúde da Família e das práticas tradicionais que envolvem os agravos mais comuns como a desnutrição, as afecções de pele e os problemas respiratórios; e também discutir como os saberes coexistem numa comunidade, como se complementam e como ocorrem as manifestações culturais no ambiente familiar e comunitário das crianças. Metodologia: estudo de abordagem qualitativa baseado na teoria fundamentada em dados, cujas informações, a partir das fichas de cadastramento de famílias, foram obtidas em entrevistas semiestruturadas gravadas com moradores/lideranças e profissionais da saúde da família e também por observação de campo em duas comunidades quilombolas do município de Araçuaí, médio Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais (Brasil). As fichas de cadastro das famílias foram analisadas com o aplicativo de informática QualiVida, desenvolvido em pesquisa anterior do mestrado Saúde, Sociedade e Ambiente. As análises das entrevistas, realizadas com profissionais de saúde e lideranças comunitárias, foram realizadas com o aplicativo NVivo (QSR International©). A pesquisa traz visibilidade para a compreensão de como a comunidade quilombola lida com o conhecimento tradicional e local, convivendo com as práticas médicas convencionais. Este trabalho subsidia a forma como os profissionais, especialmente aqueles da saúde, se relacionam com as populações tradicionais, visando melhor adesão entre os saberes para a promoção da saúde da criança.