Ponencia

Saberes de benzedeiras e benzedores e sua relação com as políticas públicas de atenção primária em saúde no Brasil.

Parte del Simposio:

SP.20: Problemas, debates y desafíos actuales en el campo de la antropología de la salud latinoamericana

Ponentes

Marivaldo Aparecido de Carvalho

UFVJM e ABA

Compreendemos que o processo de cura é antes de tudo um processo social, cultural e educativo e que as maneiras de curar perpassam as várias esferas do viver, e se relacionam com as condições sócio-ambientais e estas condições são pensadas como indissociáveis, principalmente em comunidades rurais. Neste sentido o trabalho aqui apresentado busca demonstrar a importância da presença e ação de benzedeiras e benzedores em localidades rurais distantes dos grandes centros urbanos. A existência dessas especialistas em curar é fundamental para o processo de atenção e cuidado para as pessoas que precisam e sofrem e se consideram afastados dos agentes e dos aparelhos públicos de saúde. O ato de benzer e de indicar plantas como remédios fornece respostas no processo saúde e doença, que são aceitas e validadas pela comunidade e por isso mesmo defendidas pela comunidade. Assim buscamos demonstrar que a presença desses e dessas especialistas representam formas de resistência e autonomia das comunidades, referendada por seus valores culturais. Atualmente no Brasil práticas tradicionais de curam foram “reconhecidas” pelo SUS (Sistema Único de Saúde), que incorporou a possibilidade de práticas e técnicas tradicionais e populares através das PICS (Práticas Integrativas e Complementares em Saúde), enquanto política pública de atenção primária. Essa vinculação não se processa de maneira passiva por parte dos/as especialistas populares e tradicionais, pois para alguns percebem esta política como valorização, mas para outros significa uma apropriação por parte do Estado de saberes tradicionais. Também há resistência por parte de agentes políticos, como as prefeituras, que escolhem se aplicam ou não as PICS em suas políticas pública de saúde, já que não é uma política obrigatória. mas podemos notar ao menos por parte do SUS uma indicação de levar a sério os saberes tradicionais em saúde. Esta pesquisa é desenvolvida junto as comunidades rurais de Minas Gerais no vale do Jequitinhonha e Sul de Minas Gerais e também em leituras de dados bibliográficos que versam sobre a importância das benzedeiras e benzedores na cultura popular de Minas Gerais. E, também, verificar os possíveis vínculos entre estas práticas populares de saúde e os conhecimentos de outras culturas como as indígenas e africanas e mesmo europeia, já que muitas orações foram trazidas pelos colonizadores. Pesquisa realizada junto ao programa de Pós-Graduação em Saúde, Sociedade e Ambiente da UFVJM.