No bairro Fukushima, zona rural de uma cidade da região metropolita de São Paulo, hoje, se organiza um coletivo de famílias em torno a uma proposta agroecológica de ação no campo e de práticas coletivas de organização comunal. O bairro, na cidade de Guararema, leva o nome do patriarca de uma família de imigrantes japoneses que ali se instalaram em meados do século XX. A família foi responsável por implementar um grande plantio de flores em uma ampla área de terra, hoje dividida, em meio à qual está inserido o bairro. Com mobilização de um dos filhos da família, habitante remanescente do sítio, jovens famílias e suas propostas agroecológicas e comunitárias começaram a se articular em torno a uma resignificação desse território e suas relações ecológicas. Para minha tese acompanho o coletivo, ao qual me integrei com minha família – um feliz encontro para um antropólogo curioso com as transformações contemporâneas no interior do estado de São Paulo, sobretudo em regiões próximas à maior metrópole do país, e com a produção de alimentos no campo. O coletivo Ecologia com Amor produz alimentos orgânicos certificados de forma associativa e tenta implementar sistemas de agrofloresta para manejo agroecológico, reconstrução do solo e de biodiversidade. Meu trabalho para a tese é etnográfico e não se limita ao coletivo, atentando a outros aspectos das transformações de bairros rurais paulistas, como por exemplo o incentivo do agronegócio a um modelo neoliberal para o campo. Neste trabalho, levanto a origem histórica do bairro Fukushima a partir da chegada da família de imigrantes e suas práticas de agricultura intensiva no cultivo de flores; falo do declínio dessa produção; aponto as ruínas surgidas desse processo de ocupação da paisagem; e chego ao protagonismo contemporâneo de uma nova ocupação desse território empenhada em sua transformação, construção de biodiversidade, cuidado com as águas e reconstrução dos solos e das relações comunais no campo.