Ponencia

Ruínas da floricultura e o reflorescer da agroecologia

Parte del Simposio:

SP.23: Desigualdades e injusticias ambientales al calor de la expansión de fronteras extractivas: una revisión de prácticas y alternativas de mundos posibles

Ponentes

Lucas Rocha Salgado

Museu Nacional

No bairro Fukushima, zona rural de uma cidade da região metropolita de São Paulo, hoje, se organiza um coletivo de famílias em torno a uma proposta agroecológica de ação no campo e de práticas coletivas de organização comunal. O bairro, na cidade de Guararema, leva o nome do patriarca de uma família de imigrantes japoneses que ali se instalaram em meados do século XX. A família foi responsável por implementar um grande plantio de flores em uma ampla área de terra, hoje dividida, em meio à qual está inserido o bairro. Com mobilização de um dos filhos da família, habitante remanescente do sítio, jovens famílias e suas propostas agroecológicas e comunitárias começaram a se articular em torno a uma resignificação desse território e suas relações ecológicas. Para minha tese acompanho o coletivo, ao qual me integrei com minha família – um feliz encontro para um antropólogo curioso com as transformações contemporâneas no interior do estado de São Paulo, sobretudo em regiões próximas à maior metrópole do país, e com a produção de alimentos no campo. O coletivo Ecologia com Amor produz alimentos orgânicos certificados de forma associativa e tenta implementar sistemas de agrofloresta para manejo agroecológico, reconstrução do solo e de biodiversidade. Meu trabalho para a tese é etnográfico e não se limita ao coletivo, atentando a outros aspectos das transformações de bairros rurais paulistas, como por exemplo o incentivo do agronegócio a um modelo neoliberal para o campo. Neste trabalho, levanto a origem histórica do bairro Fukushima a partir da chegada da família de imigrantes e suas práticas de agricultura intensiva no cultivo de flores; falo do declínio dessa produção; aponto as ruínas surgidas desse processo de ocupação da paisagem; e chego ao protagonismo contemporâneo de uma nova ocupação desse território empenhada em sua transformação, construção de biodiversidade, cuidado com as águas e reconstrução dos solos e das relações comunais no campo.