Ponencia

“Queira nos valer Senhora”: representações de Maria para as mulheres da Tenda de Umbanda Nossa Senhora da Conceição em Imperatriz-MA

Parte del Simposio:

SP.14: Etnografiar la transformación: géneros, patrimonios y rituales en Latinoamérica

Ponentes

Polyana Almeida Frota Lima

Universidade Federal do Maranhao

O presente trabalho propõe-se ao estudo das religiões afro-brasileiras (Umbanda) e tem como questão norteadora: quais são as representações de Maria (Nossa Senhora) para as mulheres da Tenda de Umbanda Nossa Senhora da Conceição em Imperatriz-MA e como elas operacionalizam essas representações. Para tanto, foi lançado mão do seguinte referencial teórico: Reginaldo Prandi (1996; 1998; 2011), Sérgio Ferreti (2005), Mundicarmo Ferreti (1996), Kabengele Munanga (2019), para falarmos das religiões afro-brasileiras em sua historicidade, bem como Quijano (2005), com a categoria da decolonialidade, para tratar com criticidade o processo colonial e James Scott (2013), que auxilia a pensar a categoria “modos de resistência”, olhando para o sincretismo como maneira de subversão dessas religiões. Na perspectiva de gênero, raça e ancestralidade a discussão mobiliza autoras como: Patrícia Hill Collins (2016; 2019), Lélia Gonzalez (2020), Suely Carneiro (2019) e María Lugones (2014), bem como Rosinalda Simoni (2019), Hélen Jardim e Dulce Voss (2022). Em se tratando da parte hagiográfica e mitológica temos Prandi (2001a; 2001b), Pierre Verger (1981), Ivan Poli (2001). Para chegar às representações trago como aporte teórico Roger Chartier (2002) e Émile Durkheim (1986). Metodologicamente este trabalho conta com a pesquisa etnográfica, onde faço observação participante, uso do diário de campo, fotografias e aplicação de questionário semiestruturado. As interlocutoras são sete mulheres das quais uma é a mãe da tenda e as outras seis são médiuns da casa. O trabalho tem apontado até o momento para a centralidade das mulheres tanto nas cerimônias, nos trabalhos manuais e espirituais em torno das festas como na dimensão social. Esse protagonismo que se dá dentro da tenda e para além dela vem das percepções de afeto e de cuidado que essas mulheres tem a respeito de Maria. Ela é mãe, protetora e auxílio nas necessidades tanto espirituais como materiais, é aquela que “nos vale”. É possível perceber que essa dimensão se espraia daí até aos projetos sociais.