Este trabalho pretende analisar a trajetória de uma agente social, que se autodefine como
quilombola e quebradeira de coco babaçu. Mapiei as formas de organizações nas quais essa
agente está inserida, no sentido de perceber essas articulações como forma de resistência
na luta do território de Camaputiua. Por meio deste busquei refletir sobre a atuação da
agente social Maria Antônia dos Santos. A agente está à frente de dois grandes
movimentos de caráter interestadual e atuação em associação local. Assim, a partir das
narrativas da principal interlocutora da pesquisa foi possível identificar elementos do
passado e do presente, que possibilitam afirmar um pertencimento associado a uma
identidade coletiva que ressalta a construção da categoria, quilombo a partir da trajetória de
uma agente social inserida em diferentes formas organizativas e que se autodefine como
quilombola e quebradeira de coco babaçu. Com base no trabalho de campo no território de
Camaputiua, Cajari-MA, busca-se demonstrar os aspectos dessa trajetória e a construção
de um processo de reivindicação pelo território como quilombola. Deslocamo-nos de uma
visão genérica de quilombo enfatizando aspectos de uma situação concreta. A expressão “Quebrar Coco não é Crime, eu vou continuar resistindo”, retirada de um
dos excertos da entrevista com a senhora Maria Antônia dos Santos, expressa uma crítica à
forma de classificação institucional. Isto porque a maneira como o Estado concebe as suas
políticas de valorização do agronegócio e dos grandes empreendimentos em detrimento de
práticas como o trabalho nos roçados, na quebra de coco babaçu e pesca, demonstra uma
falta de valorização e uma criminalização de tais práticas.
As famílias do território de Camaputiua estão em luta pela desapropriação do
território, conforme definido pelo Artigo 68 da Constituição Federal do Brasil. O laudo
está finalizado, o território é reconhecido pela Fundação Cultural Palmares, entretanto o
território não foi desapropriado e os conflitos são recorrentes, principalmente com os
criadores de búfalos que adentram nas propriedades dos quilombolas e cercam terras e
campos naturais.