Ponencia

QUAIS IMAGENS DE VIOLÊNCIAS IGNORADAS POR NÓS E OUTROS PODEM SER EVIDENCIADAS EM IMAGENS?

Parte del Simposio:

SP.39: Etnografías de la/en la vida urbana: territorios, espacios públicos y vulnerabilidades sociales

Ponentes

Vinicius Martins

Universidade federal do Pará

O tema da violência urbana é uma questão urgente e complexa que afeta muitas cidades ao redor do mundo. A cada dia, notícias sobre assaltos, homicídios e outros atos violentos inundam os meios de comunicação, e a violência parece ser uma parte inerente da vida nas áreas urbanas. No entanto, há uma pergunta crucial que muitas vezes não é feita com a devida profundidade: “quais tipos de violências ignoradas por nós e outros podem ser evidenciadas em imagens?”.
Este questionamento nos leva a refletir, que muitas vezes, vivemos imersos em ambientes urbanos que tem evidenciados pela mídia, principalmente, diversas formas de violência de maneira constante, mas que, de modo inconsciente ignoramos. Já que, se perguntarmos a alguém exemplos de violência, de forma rápida, surgem respostas como, violência física, agressões, roubos e homicídios, no entanto, pouco ou quase nunca, falamos das formas sutis de violência, como a exclusão social, a desigualdade econômica, a segregação espacial, a espetacularização de certos crimes e violências contra pessoas de periferias e pessoas negras. Essas realidades muita das vezes passam despercebidas em nosso dia a dia, porque se tornaram parte integrante da paisagem urbana.
Deste modo, surge os objetivos desta pesquisa fotoetnográfica que busca responder de modo ensaístico este trabalho, que é identificar e documentar em imagens as formas de violência urbana frequentemente ignoradas, como o direito à moradia, à educação e a saúde básica. Mostrar e evidenciar em imagens que a violência existe de diversas formas na cidade e que indiretamente ou diretamente, nos consumimos essa violência, reproduzimos e repassamos à uma geração mais nova que irá vir. Banalizamos tanto a violência, desde que ela não seja violenta, agressiva ou chocante, enquanto à violência de não ter acesso aos seus direitos básicos, acesso à moradia ou o acesso em escolas públicas, a violência contra a mulher passa desapercebida cotidianamente. Demonstrar como a cidade “abriga”, esconde e “força” o convivo com esta violência quase imperceptível a olhos nus.
A justificativa, é que, muitas violências que ocorrem na cidade e impostas por ela não têm visibilidade, é pouco debatido, e a sociedade não abrange com a relevância necessária, afinal, a sociedade contemporânea é constantemente inundada com imagens de violência que emanam das cidades, mas existe um fenômeno notável que merece nossa atenção crítica: a seleção seletiva das imagens de violência que escolhemos prestar atenção, as que optamos por ignorar e as quais os meios de comunicação nos mostram de forma espetacularizada.
Vivemos em um mundo em que a violência urbana, seja física, social ou psicológica, é uma presença constante em nosso cotidiano. No entanto, nem todas as manifestações dessa violência recebem a mesma quantidade de atenção ou indignação por parte da sociedade. Essa indagação nos leva a uma reflexão profunda sobre as nuances da violência urbana que raramente são discutidas. Enquanto certos tipos de violência, como crimes de rua e tiroteios, recebem grande atenção da mídia e do público em geral, outras formas de violência são negligenciadas e subestimadas. Uma das imagens de violência mais persistentemente ignoradas é a violência estrutural.
Assim, compreendemos ser essencial a investigação e a discussão dessas imagens de violência negligenciada. Deste modo, a fotografia e a antropologia visual, são elementos que podem contribuir lançando olhares outros, sobre velhas temáticas, atuando coo uma lupa que evidencia a entrelinhas do que a cidade oculta.