Ponencia

Por uma antropologia visual do cotidiano: experimentações visuais em um projeto de extensão no ensino básico

Parte del Simposio:

SP.62: Antropoéticas: As grafias enquanto gesto político, ético e poético.

Ponentes

Gabriel Cortezi Schefer Cardoso

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Este trabalho busca apresentar e discutir um curso de extensão intitulado “Encontros com o social: fotografia e educação em lentes socioantropológicas”, criado como resultado da minha bolsa de iniciação científica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que está sendo desenvolvido entre os meses de setembro e dezembro de 2023. O curso conta com a participação de cinco alunas de uma escola de ensino básico da rede pública da cidade de Canoas no Rio Grande do Sul. Esta atividade de extensão foi criada para estimular a imaginação sociológica (Mills, 1982) e apresentar a fotografia como um recurso de estudos socioantropológicos para o ensino básico a fim de explorar novos meios de pensar a interação social e os encontros com o outro (Bodart, 2015). Desta forma, os objetivos deste projeto são: (a) estudar imagens, acervos e fotografia; (b) estimular a criatividade e a compreensão social dos alunos; (c) compreender o papel da fotografia no mundo social e a sua importância para os estudos socioantropológicos. Sendo assim, o projeto consiste em quatorze aulas com encontros semanais, sendo dividido em três etapas. A primeira etapa engloba nove aulas em que as alunas serão apresentadas às teorias de antropologia da imagem, análise de imagens e conheceram acervos e trabalhos fotográficos de antropólogos; a segunda etapa, da aula dez até quatorze, elas produzirão suas próprias narrativas de imagens socioantropológicas com uma temática social; e a terceira etapa, para finalizar o projeto e engajar a comunidade em debates em torno de imagens, as produções das alunas serão expostas no colégio e na Galeria Olho Nu, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Para tanto, foi necessário a elaboração de reflexões e análises de imagens com as alunas para que elas desenvolvessem o senso crítico e estético das produções visuais. Além disso, será imprescindível que as participantes sejam instigadas a criar um olhar antropológico em torno das relações e situações sociais, sendo mais críticas da realidade social e percebendo que as interações dos agentes sociais passam por diversas temáticas como os marcadores sociais da diferença, diversidade, subjetividade, identidade, representação e outros conceitos que atravessam suas vidas. No mais, exercícios do fazer etnográfico em atividades de observação e a criação de seus próprios diários de campo serão desenvolvidos ao longo do projeto e com esses pretende-se contribuir para o amadurecimento de suas práticas de pesquisa e interesses em novas questões sociais. Por fim, o projeto visa a conexão entre antropologia, sociologia, imagens e educação a fim de proporcionar uma visão críticas das imagens que perpassam os cotidianos e as biografias das estudantes a fim de estimular as percepções dos mundos que atravessam as imagens, captando memórias, sentimentos, poéticas e políticas do cotidiano social, portanto, as lentes socioantropológicas são uma ferramenta de reflexão e estranhamento do cotidiano na medida que geram um olhar que dele emanam perspectivas socioantropológicas.