O contexto sanitário da pandemia de Covid-19 expôs e acirrou os cenários de exclusão e desigualdade estrutural presentes nas sociedades capitalistas, vivenciados, de maneira desproporcional, por diversos grupos sociais, nos quais se incluem os migrantes internacionais. A pesquisa: “Acesso à saúde e vulnerabilidades de migrantes internacionais no contexto de disseminação da COVID-19: uma pesquisa interinstitucional em rede colaborativa” busca investigar como o confinamento e a posterior situação de crise sanitária impactou a vida de imigrantes no acesso à saúde e nas situações de vulnerabilidade exacerbadas pela pandemia. O desenho do estudo é uma pesquisa qualitativa, multicêntrica, nacionalmente multisituada e com articulação de uma rede internacional de pesquisadores. Está sendo realizada uma pesquisa qualitativa a partir de entrevistas com informantes chave e migrantes. Trata-se de uma pesquisa em rede, que articula pesquisadores e interlocutores em locais de importante presença de migrantes no Brasil e no exterior. O campo da pesquisa foi desenvolvido na região metropolitana de São Paulo (SP), nas cidades de Florianópolis e Chapecó (SC), Uberlândia (MG), Londrina (PR), Cuiabá e Várzea Grande (MT) e Manaus (AM). A caracterização sobre os diferentes fluxos migratórios em cada local foi organizada segundo dados sobre a migração internacional, nacionalidades e histórico dos fluxos migratórios, atividades econômicas e inserção de migrantes, dados sociodemográficos sobre os municípios, contaminação por Covid-19; características epidemiológicas de populações migrantes no local; fotos, imagens de Google Maps, gráficos, informações oficiais e não oficiais. A pesquisa de campo compreendeu a realização das entrevistas em profundidade com migrantes e com outros atores. Foram realizadas vinte entrevistas em cada local de pesquisa sendo catorze com migrantes; duas com representantes de organizações da sociedade civil, duas com representantes do poder público (saúde e/ou assistência social) e duas com profissionais de saúde que atendem migrantes. A eleição de cada grupo migrante considerou aqueles com maior presença local, justificado por critérios demográficos, econômicos e sociais, seguindo divisão equalitária por gênero. Foram realizadas 84 entrevistas com migrantes, em seis estados do país. Foi realizada também uma contextualização geral de cada local e das entrevistas. As entrevistas com os outros atores pesquisa foi realizada de acordo com a escolha de cada núcleo local, totalizando 36 entrevistas. A análise das entrevistas com migrantes e com os diversos atores estabelece um diálogo interdisciplinar com os pesquisadores. Pretende-se identificar as problemáticas relacionadas ao acesso à saúde e proteção social dos migrantes internacionais e refugiados, assim como oferecer subsídios às políticas públicas em relação às necessidades desta população no contexto da pandemia de COVID-19. Os resultados desta pesquisa, em contextos tão diversos, poderão contribuir na identificação dos problemas vivenciados por estas pessoas e fornecer um mapa das principais necessidades sociais e em saúde observadas junto aos imigrantes, possibilitando a formulação de subsídios para políticas públicas que visem eliminar as desigualdades de acesso a serviços.