Ponencia

Os saberes ancestrais nas batalhas simbólicas nos cerrados centrais

Parte del Simposio:

SP.59: Transformaciones estructurales e institucionales para generar espacios interculturales en Latinoamérica. Nuevas bases epistémicas y propuestas de acción

Ponentes

NiLTONJOSÉ DOS REIS ROCHA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

Os saberes ancestrais nas batalhas simbólicas nos cerrados centrais

Nilton José dos Reis Rocha
Universidade Federal de Goiás

Resumo

Os cerrados centrais, no Brasil, esse grande ancestral, se constituíram, como sócio-bioma ( Rocha, 2020), em cima de uma diversidade cultural e linguística muito grande. A chegada do povo Caribe, como se acredita, desviando de grandes rios, pântanos e montanhas reforça este elemento constitutivo onde a mullier/homo cerratensis ( Rocha, idem;.Bertran apud Barbosa, 2011),nos últimos 18 mil anos, construíram uma civilização rude, diversa e criativa( Pádua,2006 )
Uma gente, como se sabe, que não esperou o Gênese e decidiu co-evoluir com a natureza ( Porto Gonçalves,2002 ) , numa complexa e eficaz reciprocidade, onde criador e criatura se misturam, se completam. Extensos universos, com gente e territórios encantados, que, depois de cinco séculos ainda se batem em defesa de seu modelo de sociedade , que nunca comportou a contradição profunda entre ser senhora/or e/ou escravizados/os ( Dias,2001 ; Mann,2005 )
Ou seja, um embate e um combate não só com o agronegócio predador e violento, contra a natureza e tudo que ela comporta, inclusive todos seres viventes, mas, também, com o seu braço político-cientifico nas academias universitárias, centros de pesquisa e meios de comunicação do capital que, do ponto de vista epistêmico e metodológico, constroem o que se define, agora, como agrocognição ou agroburrice (Mostafa Habib 2011).
Assim, o contraponto a esse modelo só virá dos povos originários, povos preto e pardo, povo cigano, povo ribeirinho, e mesmo povo de rua – onde os cerrados se estendem e atravessam os valores urbanos – como os mais importantes conhecedoras/es – do ponto de vista humano, filosófico, cultural e agronômico – da vida política comunitária, sua medicina e sua ancestralidade que ordena, recicla continuamente e dá sentido à vida.
Este texto , portanto, se propõe a pensar e reencontrar estes fios que ( nos ) ligam à ancestralidade cerradeira, enquanto possibilidade concreta e construção do mundo. A experiência de jovens Boe (Bororo) com a academia, pensando esta ancestralidade, e os esforços em construir formas de comunicação compartilhada que dialogam com as/os boku kejewuge ( moradoras/es do cerrado) mas também com a humanidade.
Uma leitura, e sua reflexão consequente, que reencontre esta ancestralidade cerradeira. O que exige mergulho em outra pegada epistêmica e metodológica que, em sentido bem concreto, remete à certeza de que as e os conquistadoras/es tiveram, para sobreviver nos cerrados, também aprenderam com as e os boku kejewuge . onde estariam também os vínculos. históricos e sócio-antropológicos. com povos do Abya Yala e seus caribenhas/os.
Assim, ousa-se, aqui também, construir reflexão sócio-antropológica deste sócio-bioma a partir das ferramentas, teóricas e metodológicas, que a comunicação e seu jornalismo compartilhado popular podem oferecer, ciente de que ela, a comunicação , em vez de ciência isolada, se constitui no cruzamento das ciências sociais.( Rocha, idem ), bebendo na história, sociologia, geografia e , de modo especial, antropologia. Ainda de que forma rude.