Ponencia

Os efeitos sociais do «Corredor Carajás» sobre os povos indígenas do Maranhão e do Pará: Um exercício com a etnografia de documentos

Parte del Simposio:

SP.66: Povos indígenas e comunidades tradicionais: desafios da violência em conflitos territoriais e socioambientais no século XXI

Ponentes

Anna Carollina da Silveira Frazão

Universidade Estadual do Maranhão

Esta pesquisa foi produto de um Trabalho de Conclusão de Curso da minha graduação em Ciências Sociais no fim do ano de 2021 discute a busca por uma resposta sobre quais são os «efeitos sociais» (SIGAUD, 1992) sobre os povos indígenas do Maranhão e do Pará causados pela implantação da Estrada de Ferro Carajás, com base na etnografia de documentos. Busquei também analisar esses «efeitos sociais» dos megaprojetos de infraestrutura sobre os modos de vida dos povos indígenas, entendendo o significado dos saberes e práticas tradicionais da implantação da Estrada de Ferro Carajás (EFC) e, anteriormente, sua duplicação. Pensamos os efeitos sociais como mudanças e / ou mudanças que influenciam os modos de vida, ou seja, influenciam o cotidiano das pessoas em questão, prejudicando suas práticas tradicionais. O estudo por meio de documentos e fontes arquivísticas possibilitou reunir material importante para a compreensão da história do Corredor Carajás, a partir do financiamento do projeto e dos efeitos sociais causados aos povos indígenas. A inserção nesta temática partiu de pesquisas anteriores, junto com minha trajetória acadêmica de iniciação científica, e senti a necessidade de delimitar o trabalho a uma temática mais voltada para a coleta de dados arquivísticos e bibliografias em que pudesse realizar o exercício de uma etnografia de documentos. O referencial teórico que norteia a análise dos dados da pesquisa é baseado em leituras teóricas como Dave Treece (1987) Almeida (2009; 2013), Bachelard (1996), Bourdieu (1997), Clifford (2002). Procuramos também orientar a pesquisa a partir de leituras relacionadas com a temática, como: Sigaud (1992), Acevedo (2009), Coelho (2009), Cruz (2015), Silva (2017), que ajudaram a compreender essas situações analisadas. A partir da análise das leituras e dos efeitos da implantação da Estrada de Ferro Carajás, busquei entender a relação que se refere aos povos indígenas (Maranhão e Pará) e EFC, bem como entender se existem e quais são esses efeitos sociais da atividade extrativa e de mineração. A resposta para esta é pergunta é de que existem sim “efeitos sociais”, embora não tenha a pretensão de elencar todos neste trabalho, irei me ater a alguns de extrema importância. De antemão posso afirmar que a poluição tanto de terras quanto de cursos hídricos é um desses efeitos, bem como a violência escancarada e exacerbada contra as práticas tradicionais desses povos.