Um levantamento de dados junto a Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD-UVA), em 2022, nos chama atenção no que se refere a número de ingressantes por cursos de graduação, trancamentos e concluintes, considerando o período de 2018-2022, no qual observa-se que o número de trancamentos e desistências vêm crescendo significativamente. E com o início da pandemia em 2020 e até o ano de 2021, percebe-se na UVA: a) um número decrescente de aluno(a)s matriculado(a)s por semestre, b) o quantitativo crescente de discentes reprovados por falta e c) a quantidade expressiva da situação de trancamento nos cursos da universidade, nos semestres referente de 2020.1 à 2021.1, com maior impacto em alguns cursos que mobilizavam um número significativo de estudantes. O que chama atenção é que esse fenômeno já vem sendo sinalizado desde 2018, evidenciando-se consideravelmente, no período pandêmico. Outra pesquisa, realizada no âmbito da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), revelou que o período de isolamento social, decorrente da crise sanitária, interferiu negativamente no bem-estar de seus estudantes, e a ansiedade se apresentou no topo dos sintomas citados por estes. Ao observar os efeitos da pandemia na vida dos(as) estudantes, percebeu-se que ela serviu como vitrine para evidenciar as desigualdades sociais e econômicas dessa juventude universitária, considerando que maioria desses(as) estudantes são de famílias da classe-que-vive-do-trabalho e moram em cidades circunvizinhas, além de precisarem se submeter a sub-empregos, para poder permanecer na Universidade, a qual é localizada na cidade de Sobral-CE, cidade polo da macrorregião do estado do Ceará. Ao observar a realidade brasileira, compreende-se que a pesquisa revela uma alta vulnerabilidade da juventude, com agravamento no período de pandemia da COVID-19, cujos efeitos podem deixar marcas permanentes sobre a trajetória de ascensão social de toda uma geração. Os resultados indicam que a questão racial é o primeiro eixo divisor nas condições de acesso às estratégias educacionais na pandemia. Depreende-se que a pandemia, enquanto fenômeno social e sanitário, mudou radicalmente a vida em sociedade, atingiu o trabalho, a convivência e os processos educativos. Assim, a pesquisa buscou compreender os processos que favorecem o abandono escolar, e os que contribuem para o acesso e permanência. Para essa finalidade, realizou-se levantamentos sobre as políticas de acessibilidade na UVA, sobre as condições de permanência na universidade, os tipos de empregos a que essa juventude recorre para se manter em Sobral, incluindo-se, aqui, os estágios remunerados, os quais nem sempre correspondem à formação no campo de atuação de seus estudos. Desse modo, destaca-se a importância desse estudo, para que os(as) universitários(as), enquanto interlocutores(as) dessa pesquisa, ao narrarem suas condições de acesso e permanência na Universidade, possam desvelar os reais condicionantes que os(as) fazem ter que escolher entre estudar ou trabalhar, portanto, abandonar ou evadir do meio universitário.