Menstruações são múltiplas. Partindo desta ótica, apresento este fluido corporal enquanto um agente não-humano dotado de potência política, ainda que seja envolto de tabus, nojo e invisibilizações. Neste sentido, através da perspectiva experiência próxima, desde o meu corpo, busco refletir sobre o percurso da Lei nº 14.214, que institui o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual a nível federal no Brasil. Antes de ser efetivada, as controvérsias políticas que a sua construção, foram inúmeras. Assim, este trabalho se desenvolve numa observação que inicia-se em 2019, ano em que o Projeto de Lei foi encaminhado para que fosse votado e segue até 2023, quando a Lei foi efetivada. Este período foi marcado por disputas políticas e veto presidencial ao que se nomeava “PL dos Absorventes”, acompanhado por reação de ativistas menstruais através de hashtags que mobilizaram o movimento nas mídias digitais. Ao acompanhar estes caminhos, optamos por realizar um ato a nível municipal, em Mossoró/RN, através da perspectiva do artivismo, observando o corpo enquanto uma ferramenta política que pode ser acionado para atrair discussões para pautas específicas. Construímos um ato que envolveu corpo, sangue, cidade e mídias digitais e assim, conseguimos trazer o debate para mídias televisivas, alertando a população sobre as questões que estavam sendo discutidas a nível nacional. Esse movimento artivista gerou debates que trouxeram consigo questões que envolvem gênero, tabus e preconceitos em torno da menstruação. Ainda assim, apesar da efetivação da lei, as políticas públicas em torno do programa estão sendo recebidas pelas pessoas que deveriam ser beneficiadas, que seriam as escolas, além de pessoas que encontram-se em situação de vulnerabilidade social. Desta forma, a partir das noções de corpo-território e de uma antropologia encarnada, busco compreender como este fluido corporal vem se tornando alvo de embates políticos e sociais no Brasil, enfrentando uma série de embates e invisibilizações.