Neste paper, fruto dos debates e leituras de meu doutorado em curso, pretendo apresentar como a capacidade reprodutiva das mulheres tem sido objeto de intervenção do estado pela saúde e pelas instâncias jurídicas, com ênfase na destituição do poder familiar no país. Ainda que com diferentes formas, o que observamos é que o público das políticas de controle de natalidade, contracepção forçada e esterilização compulsória é o mesmo que tem sido assujeitado à práticas de destituição do poder familiar de suas crianças. Partindo do pressuposto que ambos decorrem das lógicas de estado, que define quais corpos estão sujeitos às intervenções e como, buscamos reconstituir historicamente a figura da mulher mãe, as intervenções vivenciadas, a prática de retirada compulsória e discuti-las, à luz do debate sobre hierarquias reprodutivas proposto por Diniz e Mattar (2012) e as intersecções de classe, raça e gênero observada por diversas autoras, dentre elas Collins (2019), Davis (2016) e Fonseca (1995).