Esse texto analisa o crescimento da participação de mulheres indígenas nas diferentes instâncias da política partidária nos últimos anos, buscando compreender qual a importância de compor e ocupar esse espaço com seus corpos e as demandas dos Povos Indígenas. Busco Indicar, que esse crescimento remontam ao início das organizações indígenas nos anos 80, assim, ainda que dados atestem o crescimento de candidaturas indígenas nas últimas eleições, argumento que a participação de mulheres indígenas em pleitos eleitorais é uma das feições recentes do histórico de lutas, de reivindicações e de construção dos movimentos. Nesse sentido, esse texto traz para a discussão um pouco do histórico de participação de mulheres indígenas nos movimentos indígenas, a construção de movimentos específicos, o crescimento de seu protagonismo em diferentes espaços, como também o crescimento de mulheres indígenas disputando processos eleitorais. Este trabalho se constitui de um dos capítulos da minha dissertação de mestrado, intitulada “Mulheres Indígenas da Amazônia e Política: Análises a Partir de 2018”, defendida em fevereiro de 2021, no âmbito do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da UERJ, sob a orientação da Profa. Dra. Paula Mendes Lacerda. Nela, busquei compreender a visão das mulheres indígenas participantes de pleitos eleitorais no que se refere às relações e efeitos sobre a política partidária, sobre os movimentos indígenas, sobre sua subjetividade e suas relações pessoais e familiares. Para isso, minha análise se dá a partir das narrativas de duas mulheres indígenas da Amazônia que foram candidatas no processo eleitoral de 2018, Sônia Guajajara e Tatiane Picanço, chamando a atenção para suas trajetórias em dimensão pessoal, profissional e de militância e, notadamente, no entrelaçamento de tais aspectos, abordo ainda, brevemente, alguns apontamentos acerca do processo eleitoral de 2020, que ocorreu enquanto escrevia esse trabalho. Meus objetivos específicos se deram em torno de analisar qual a relação das mulheres indígenas candidatas com suas comunidades; quais são as barreiras e desafios que essas mulheres experienciam ao entrarem nesse campo de atuação e disputa e a coleta de dados mais sobre esse processo eleitoral, como forma de inserir as indígenas pesquisadas dentro de um contexto mais amplo. Neste texto que apresento a seguir, trago para a discussão alguns dos apontamentos abordados por mim no capítulo três desta dissertação, contudo, trabalhando de forma mais reduzida, pela limitação de espaço, mas que traga pontos que possam gerar debate e discussão para a proposta deste grupo de trabalho.