Ponencia

Mulheres em campo: percorrendo rastros e imagens das precursoras da Antropologia Visual no Brasil

Parte del Simposio:

SP.41: Genealogías de las antropologías feministas y de género en Latinoamérica y el Caribe

Ponentes

FABIENE DE MORAES VASCONCELOS GAMA

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Débora Wobeto

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Laura A. Schmidt

Giovanna Schneider

Este paper visa apresentar alguns resultados de uma ampla investigação sobre a produção fotográfica de caráter etnográfico realizada por mulheres no Brasil na primeira metade do séc. XX. Nosso esforço se dá no sentido de olhar para a história de saberes e práticas fotográficas realizadas no país no período que antecede a criação dos primeiros Núcleos de Antropologia Visual, focando especialmente na atuação de mulheres, cujos trabalhos permanecem por diversos motivos desconhecidos. A partir do levantamento da participação de mulheres em equipes de trabalho de campo etnográfico no país, a pesquisa combinou diversas metodologias – revisões bibliográficas, pesquisas biográficas e históricas, pesquisas em arquivos, análise de imagens e de conteúdos – para imaginar a atuação em campo e na sistematização de dados etnográficos de mulheres que viajaram pelo país entre as décadas de 1930 e 1950. Nesta apresentação, trataremos do trabalho imagético de quatro delas: a alemã naturalizada brasileira Charlotte Rosenbaum (Comissão Rondon e Serviço Etnográfico do Serviço de Proteção aos Índios), a estadunidense Ruth Landes (Columbia University), a francesa Dina Dreyfus (Missão Francesa/Dina e Claude Lévi-Strauss Missão Etnológica) e a romena naturalizada brasileira Berta Gleizer Ribeiro (viagens com Darcy Ribeiro, Museu Nacional e Museu do Índio). Partindo de estudos no campo da Antropologia Visual, dos Estudos de Gênero, da Ciência e Tecnologia e da Antropologia Histórica, buscamos contribuir não apenas com a ampliação do conhecimento e do acesso à produção artística e intelectual dessas mulheres, como com a ampliação dos debates acerca dos trabalhos coletivos na área da Antropologia e da fotografia etnográfica no Brasil. Reflexões críticas sobre os processos de invisibilização de suas atuações, assim como sobre a pesquisa em arquivos públicos e privados, nacionais e internacionais, também serão apresentadas, assim como algumas análises das imagens. Ao olhar para o passado e os processos de manutenção da história e dos cânones da nossa disciplina, também buscamos compreender que mecanismos permanecem dificultando o reconhecimento da atuação e autoria de pesquisadores na Antropologia.