O ciberespaço, enquanto fenômeno sociodigital, vem se transformando em arena das disputas partidárias, seus conteúdos simbólicos e materiais reivindicam para si o poder de controlar a massa, antes sob o domínio da televisão. Este não-lugar virtual se torna um aliado na mobilização de manifestações e articulações políticas, em sua intencionalidade comunicativa, interfere e transforma a realidade social. Pois, sua espacialidade rica em signos, que apresentam elementos tanto positivos quanto negativos, desponta-se como lócus do experimentalismo humano. Assim, a ideia se deu em interpretar o populismo digital versus bolsonarismo, e sua influência na difusão de um modelo de sociedade conservadora e autoritária, cujas relações de poder deslocam seus fervorosos adeptos a um movimento contrário ao Estado Democrático de Direito, transformando os territórios digitais e geográficos em areia movediça. Portanto, por meio de pesquisas bibliográficas aplicadas ao método hermenêutico-crítico, buscou-se analisar a construção da espacialidade globalizada, potencializada na internet, que redefiniu a relação de pertencimento e envolvimento com questões políticas partidárias, tal como a ascensão de Jair Bolsonaro nos territórios digitais, e a propagação de uma retórica antidemocrática que ainda possui adesão de aproximadamente 25% da população brasileira, que refletiram em antiativismos agressivos conhecidos como “ataques golpistas de 08 de janeiro”. O Bolsonarismo, comumente chamado o movimento, é marcado pela negação de valores civilizatórios, já que se fecha à alteridade em suas reações contrárias a avanços sociais progressistas, como em matérias relativas a direitos de gênero e LGBTQI+; crítico a políticas sociais de reversão de desigualdades baseadas em ações afirmativas (RENNÓ, 2022). Além disso, o movimento utiliza-se da mídia para descontextualizar a luta por direitos trabalhistas, e promove de forma perversa os interesses do mercado, como a redução da presença do Estado na economia, sintetizada na defesa das privatizações, e a ideia de que indivíduos são responsáveis por seu sucesso pessoal (LUNA; ROVIRA-KALTWASSER, 2014). Evidencia-se, dessa maneira, que os territórios digitais, tais como o Facebook e Twitter foram utilizados antes, durante e depois da candidatura do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, e que apesar de sua derrota nas eleições de 2022, seu corpo, território, permanece vivo entre seus seguidores (CESARINO, 2019). É nesse contexto desafiador de ódio e mentira, repleto de incertezas, em que se criou uma narrativa violenta ao constitucionalismo, que emerge a importância de contextualizar o fenômeno bolsonarismo à história social, para que a comunidade científica lance luz sobre o abismo em que a sociedade brasileira ficou submetida. Pode-se concluir, diante do novo momento histórico vivido, a importância das tecnologias digitais serem disciplinadas para contribuírem para um tratamento não abusivo dos princípios constitucionais e garantistas dos cidadãos.