O objetivo deste trabalho é refletir sobre a importância dos programas de formação à docência, especificamente o PIBID e a Residência Pedagógica, na Licenciatura em Ciências Sociais da Universidade Federal Fluminense em Campos dos Goytacazes. A questão é pensar, partindo da concepção antropológica na educação, como estes projetos atuam na permanência e fortalecimento dos vínculos dos estudantes participantes com a universidade, minimizando as dificuldades experimentadas em um contexto de incertezas sobre a atuação do professor de Ciências Sociais na educação básica brasileira. Visamos demonstrar como os processos e relações de ensino e aprendizagem estão presentes de diversas formas nas práticas e relações sociais desenvolvidas nos programas, não apenas qualificando a formação dos licenciandos, mas também permitindo o aprofundamento das reflexões sobre a profissão e a carreira. Tratam-se de jovens que vivem e estudam em contextos de desigualdade social, visto que em sua maioria são provenientes de famílias pobres, sem tradição de acesso ao ensino superior e trazem, em suas experiências cotidianas, sonhos, medos e angústias, que são dinamizados e reestruturados em apropriações e resistências durante a formação docente. Dessa forma, a metodologia utilizada na pesquisa que fundamenta este trabalho compreende a aplicação de um questionário aos alunos participantes e a análise de falas e episódios observados nas reuniões e demais atividades dos programas. Buscamos compreender a percepção dos licenciandos sobre a importância de sua participação no Pibid e na Residência Pedagógica, apontando o papel das juventudes no registro da memória e na produção de mudanças necessárias frente às lacunas ocasionadas pela desigualdade no acesso e permanência no ensino superior. Através de uma análise micro, buscaremos contribuir com a discussão sobre o contexto educacional na América Latina nos anos seguintes à pandemia de Covid-19, os quais coincidiram, no Brasil, com o período de início da execução da reforma do ensino médio, aprovada em 2017 e que desobriga a presença da Sociologia como disciplina específica no currículo. Dessa forma, queremos mostrar como os programas de iniciação à docência no ensino superior têm possibilitado um movimento de permanência e conclusão da graduação através do fortalecimento da inclusão dos jovens nos circuitos formais de ensino e da construção de resistências e estratégias locais de enfrentamento ao contexto de imprecisão ocupacional.