Este trabalho tem como objetivo apresentar a construção de minha pesquisa em andamento, a qual se propõe a analisar a constituição de masculinidades, homossexualidades e envelhecimento entre homens com idade superior a quarenta e cinco anos que utilizam aplicativos de relacionamento em contextos do interior de Santa Catarina, Brasil. Eva Illouz (2011) ao investigar as mudanças nas configurações afetivas afirma que a ascensão de sites e aplicativos de relacionamento desenvolveram uma cultura afetiva global ao qual o capital sexual dominante (ILLOUZ; KAPLAN, 2020) estrutura as relações afetivas e sexuais. A centralidade de aplicativos de relacionamento na construção das relações afetivas-sexuais para jovens universitários em Santa Maria – RS identificadas por Stack (2022) evidencia, em parte, que a maneira como as relações se constroem através de aplicativos vão ao encontro da teoria sobre uma cultura afetiva global, em contraste, expõe que contextos caracterizado como interiorano apresentam diferenças na apresentação pessoal, normas sociais reiteradas pelo aplicativo e construção de relacionamentos que revelam particularidades locais. Sendo assim, construo este trabalho sobre tais indagações: É de uma cultura afetiva global que estamos falando? Qual sua interação com signos locais? É possível visualizar uma cultura afetiva local? Com esses questionamentos busco debater a partir do conceito de alteridades complexas (BONETTI, 2012) o modo como sujeitos dissidentes de sexualidade – e em alguns casos gênero – experiênciam a vivência cotidiana da sexualidade nos usos de aplicativos de relacionamento em contextos urbanos e rurais do interior do estado de Santa Catarina. Ao cruzar a questão da idade, é possível observar que a juventude é objetivada para a conquista de capital sexual em aplicativos de relacionamento onde homens mais velhos (a partir de quarenta anos) são preteridos por outros perfis de usuários em aplicativos. Incorporar a idade como critério de análise possibilita compreender duas dimensões centrais: a primeira diz respeito ao uso de tecnologias digitais, visto que, muitos desses homens tiveram que adquirir certo letramento tecnológico para estar no aplicativo, com isso, identificar a apropriação que fazem de tais tecnologia; e no que seus usos se diferenciam de jovens considerados “nativos digitais”. A segunda dimensão de análise se debruça a compreender como o envelhecimento é abordado dentro do aplicativo, e de que modo o reflexo de uma sociedade etarista impacta nas possibilidades de construção de relações afetivas-sexuais, uma vez que é possível afirmar de modo preliminar que no aplicativo há um “culto a juventude” que conferem aos sujeitos jovens possibilidades de objetivar a juventude como atrativo (capital sexual).