Ponencia

Manifestos Putafeministas: prostituição e feminismo em debate

Parte del Simposio:

SP.58: Feminismo y movimientos sociales en Latinoamérica: autonomía vs institucionalización

Ponentes

Taynara Mirelle do Nascimento de Araújo

Universidade Federal do Ceará - UFC

Antonio Cristian Saraiva Paiva

O presente trabalho se propõe a refletir sobre as narrativas autobiográficas das prostitutas e ativistas Gabriela Leite e Monique Prada, tendo como foco de análise os embates travados entre feministas radicais e prostitutas que reivindicam a posição política do Putafeminismo. Gabriela Leite foi uma das pioneiras a trazer o debate da prostituição para a sociedade brasileira, ainda no período da ditadura civil-militar no país. Sua fala em defesa da escolha das mulheres sobre seu próprio destino e da luta permanente contra a marginalização, a partir tanto de ações junto a associações de prostitutas pelo Brasil como com as suas publicações autobiográficas, sempre foram muito polêmicas e desconcertantes, já que reivindicava posições impopulares mesmo no campo das esquerdas, que lutavam contra o autoritarismo e defendiam a liberdade sexual. Tem-se hoje no Brasil diversas associações e ativistas da causa que se colocam como discípulas de Leite, como é o caso da putafeminista Monique Prada. Esta ativista trouxe à tona, com suas falas públicas e sua autobiografia, os embates travados por prostitutas dentro e fora do movimento feminista no país, pautando de forma mais específica os conflitos com as feministas radicais. Tanto Monique como Gabriela concluem suas autobiografias afirmando que na disputa entre conservadores e progressistas, o que as prostitutas encontram é um não-lugar. Não encontrando espaço em nenhum dos lados, elas acabam por ir traçando o seu próprio campo, com marchas e manifestos, lançando o Putafeminismo e escolhendo um caminho sem as tutelas dos discursos salvacionistas. Diante do exposto, quer-se compreender neste trabalho quais questões são levantadas por essas narrativas sobre o meio prostitucional e os feminismos, analisando como esses relatos mobilizam um acalorado debate sobre sexualidade, papéis de gênero e mundos do trabalho. Tem-se como referencial analítico uma perspectiva interseccional das políticas sexuais ancorada no debate trazido por Gayle Rubin, a partir de experiências e relatos autobiográficos. Esta pesquisa se deu a partir de revisão bibliográfica e análise das fontes, por meio das técnicas de análise de conteúdo e análise do discurso. A pesquisa utilizou como principais fontes as obras de Gabriela Leite – Eu, mulher da vida (1992) e Filha, mãe, avó e puta: a história de uma mulher que decidiu ser prostituta (2009) e de Monique Prada – Putafeminista (2018). O presente trabalho se desenvolveu com o apoio da Funcap – Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico.