Ponencia

Juventudes, ilegalismos e violências: a realidade da cidade Fortaleza – Ceará – Brasil

Parte del Simposio:

SP.74: Desigualdades, ilegalismos y violencias: ¿cómo pensar el estado en esta encrucijada?

Ponentes

Mesisanne Vieira

Universidade Federal do Ceará (UFC)

O objetivo central dessa apresentação é aprofundar a compreensão sobre as relações que permeiam as juventudes, os Ilegalismos, o Estado e as violências, a partir de uma abordagem focada na cidade Fortaleza – Ceará – Brasil, nesse lugar os/as jovens inseridos/as na criminalidade possuem trajetórias permeadas de marcadores sociais de segregação e preconceitos, tais como seus territórios, identidades étnico-raciais e classes sociais. A partir da compreensão de seus contextos sociais é possível adentrar os meios pelos quais Ilegalismos, violências e intervenções estatais interagem.
Infelizmente, tem sido de fácil percepção o aumento da violência através dos mais variados meios de comunicação e da vivência na realidade cotidiana no Ceará. Desde o Atlas da Violência de 2019 são apresentados dados que provaram o que vinha sido observado: o drástico aumento da violência no território nacional e 2017 como sendo o ano com maior número de homicídios da história do Brasil. Uma questão específica da realidade no Nordeste, a violência e a sua relação com as facções criminosas, foi pontuada também no Atlas. Neste recorde histórico de 2017, o Ceará foi tido como o Estado com maior crescimento da taxa de homicídios. Com 2,6 milhões de habitantes, Fortaleza é um destaque negativo nessa estatística justamente por ser uma das cidades brasileiras com maior proporção de homicídios juvenis. É muito importante situarmos que a violência letal não se distribui de forma homogênea e possui alguns endereços, 44% das mortes estavam concentradas em apenas 18 dos 119 bairros existentes no município. Fortaleza é uma cidade desigual e a dinâmica dos homicídios é uma representação clara dessa segregação.
Morar em determinados territórios de Fortaleza em si já se constitui num fator de risco se comparado com outras regiões da cidade possuidoras de melhor infraestrutura e serviços públicos, sobretudo, quando se trata de adolescentes ou jovens do sexo masculino. Os bairros com maiores índices de letalidade são, na respectiva ordem: Bom Jardim, Jangurussu, Barra do Ceará, Mondubim, Vicente Pizon, Canindezinho, Passaré, José Walter, Barroso, Parque Genibaú, Quintino Cunha, Siqueira, Conjunto Palmeiras e Granja Portugal.
Uma questão importante é compreendermos o quanto a vivência nos territórios de risco pode desencadear questões de relação com os mercados ilícitos, pois, segundo o Atlas da Violência de 2019, 46% dos adolescentes mortos tiveram passagem pelo sistema socioeducativo do Estado por terem cometido algum ato infracional.