Ponencia

Juventudes, desigualdades digitais e urbanas: elaborando hipóteses para um estudo interseccional transnacional

Parte del Simposio:

SP.61: Juventudes, Cidades e Imagens

Ponentes

Rachel de Castro Almeida

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Bruno Márcio de Castro Reis

Viviane Zerlotini da Silva

Ísis Detomi

Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Este artigo apresenta as discussões de uma equipe interdisciplinar e transnacional para a criação de um quadro metodológico transdisciplinar e interseccional que visa analisar os padrões de desigualdade social, com foco nas desigualdades digitais e urbanas enfrentadas pelos jovens em espaços públicos.

Consideramos que a desigualdade social é uma construção complexa, influenciada por fatores discursivos, materiais e tecnológicos, e cada vez mais relacionada ao uso de plataformas digitais de entretenimento nas redes sociais. Assim, esta pesquisa parte da premissa de que as mudanças sociotécnicas, como o uso crescente de plataformas de mídia social, estão moldando as experiências e oportunidades dos jovens nos espaços públicos urbanos. A hipótese central é a de que o acesso e a experiência dos jovens no espaço público estão cada vez mais mediados pelo uso de plataformas de entretenimento de mídia social, como YouTube e TikTok, o que pode impactar na forma como eles se (des)informam, se (des)mobilizam socialmente e se apropriam ou não dos espaços públicos.

Para investigar tal hipótese, o projeto formula três principais problemas:
Como as mídias sociais, as plataformas de streaming e os serviços de mensagens contribuem para facilitar ou dificultar a apropriação dos espaços públicos pelos jovens?
Como diferentes padrões de desigualdade social, incluindo a desigualdade digital, afetam a capacidade dos jovens de participar do espaço público, considerando a interligação entre espaços públicos digitais e urbanos, bem como o acesso às infraestruturas físicas, sociais e digitais necessárias?
Quais estratégias espaciais e táticas os jovens empregam para estabelecer ou contestar novas rotinas e representações sociais, culturais e políticas no espaço público?

Este projeto realizará pesquisas empíricas em três cidades distintas: Belo Horizonte (Brasil), Viena (Áustria) e Tel Aviv (Israel). Essa abordagem visa entender as experiências das juventudes em diferentes contextos locais e geopolíticos, reconhecendo que as dinâmicas de desigualdade social e o uso de tecnologia podem variar significativamente entre esses locais. O campo será realizado por meio de pesquisas etnográficas convencionais e digitais, grupos focais e mapeamento digital. Os jovens entre 18 e 29 anos serão observados no seu cotidiano, no uso e na ocupação dos espaços públicos de uso coletivo, em conformidade com as determinações do código de ética do antropólogo e da Antropologia. É importante também destacar que o projeto tem como objetivo promover a co-produção de conhecimento, envolvendo ativamente jovens, pesquisadores e formuladores de políticas no processo de pesquisa.