Ponencia

Jornalista, antropóloga ou nativa?: Desconfortos, percursos e reflexões sobre múltiplas inscrições no campo de pesquisa

Parte del Simposio:

SP.10: Experiencias de comunicación y diálogos en las antropologías latinoamericanas: posicionamientos, prácticas e interlocutores

Ponentes

Mariana Pitasse Fragoso

Universidade Federal Fluminense (UFF)

Neste artigo, descrevo as condições nas quais me situei no campo de pesquisa e neste inscrevi meus percursos e múltiplas posições, ao conjugar reflexivamente o desconforto em cumprir as tarefas e responsabilidades de meu trabalho com as questões da pesquisa.
Isso porque parti de um olhar particular que não se restringiu ao de uma antropóloga em campo, mas também de uma trabalhadora que participou ativamente da construção de um veículo de comunicação alternativo, chamado Brasil de Fato, organizado por um grupo de movimentos sociais protagonizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Portanto, de um ponto de vista simultaneamente de etnógrafa, de jornalista e de nativa da própria pesquisa – que fez com que construísse uma tripla inscrição em campo.
O material empírico trabalhado é um desdobramento de parte de minha tese de doutorado e também da sequente pesquisa que está sendo desenvolvida durante meu estágio pós-doutoral.
As análises que apresento aqui, produzidas sobretudo com base na observação participante, partem da descrição resumida do contexto da minha entrada em campo, primeiro como jornalista e depois como antropóloga e, consequentemente, nativa. Em seguida, analiso as facilidades e também os conflitos gerados ao assumir essas três posições ao mesmo tempo. Por fim, procuro tecer alguns comentários sobre como esse contexto influenciou na construção reflexiva da pesquisa.
Pensar sobre os desafios estabelecidos em selecionar e colocar no papel os episódios e experiências que presenciei em campo, seja como trabalhadora, seja como antropóloga, foi exercício reflexivo responsável por colocar luz justamente no ponto em que se amarravam os nós e que eu precisava olhar com atenção para desatar e construir a pesquisa.
Além das descrições feitas a partir da pesquisa de campo, do lado teórico, trabalho com abordagens antropológicas e que ajudam a compreender a reflexividade do fazer etnográfico, além de outras etnografias em que antropólogos contam sobre a experiência em acumular múltiplas inscrições no campo de pesquisa.