Na cidade de São Paulo/Brasil há diversos lugares que, apesar de não notarmos, estão bem próximos de nós e dispostos a narrar acontecimentos históricos de violação a grupos étnicos, práticas e costumes. Um deles é o bairro da Liberdade, localizado na região central da cidade. No passado o território foi palco de conflitos sociais e políticos, escravismo, violação de direitos e punições, no presente, apesar de restarem poucos patrimônios de pedra e cal, mantem-se propensos a serem (re)descobertos pelos cidadãos que habitavam e transitam no território e dialogar em meio às interferências e interlocuções do cotidiano.
A pesquisa exuma os lugares e demonstra que a etnografia aliada a práticas artísticas e culturais quebram barreiras do silêncio e revelam o pesado legado do patrimônio totalitário absorto em violência e repressão às minorias do passado centenário – povos de origem, africanos escravizados e grupos marginalizados por sua identidade e condição socioeconômica e religiosa – e do esquecimento muito presente a fim de serem despertados e tornarem-se protagonistas de suas histórias e memórias e promover a reparação às vítimas dos grupos afetados.