Ponencia

Gestualidade, visualidade, corporalidade e a surdez em uma perspectiva relacional

Parte del Simposio:

SP.1: Haciendo antropología: Cruces y encuentros desde la experiencia de investigación etnográfica a nivel doctoral en América Latina y el Caribe

Ponentes

Cibele Barbalho Assensio

Unifesp

Este trabalho tem como objetivo discutir a corporificação da gestualidade e visualidade entre sujeitos surdos falantes da Libras que ocupam ambientes de educação bilíngue para surdos. Para tanto, procuro abordar a questão do corpo considerando-o em sua totalidade, buscando desnaturalizar a surdez apenas como uma condição do ouvido e como parte de um corpo-objeto. Tenho realizado pesquisa etnográfica com estudantes e profissionais de ambientes de educação bilíngue para surdos, com o intuito de refletir sobre as expressões corporais, o ouvir com os olhos, o falar com as mãos, o silêncio (ou não silêncio) auditivo e a feitura de corpos surdos na relação entre pares, o que envolve analisar ambientes de educação formal, questionando: qual é a totalidade do corpo para quem ouve com as mãos e fala com os olhos? Em termos fenomenológicos, dar conta da ordem do vivido tal como se apresenta significa considerar os diversos elementos relacionais, expressivos, da ordem do cotidiano das gestualidade e visualidades entre pessoas surdas, mas também com pessoas não-surdas. Além de registrar narrativas, por meio de entrevistas, acerca dos ambientes educacional em questão, tenho me atentado às possibilidades gestuais e visuais da Libras e para além dela, na relação com gestos e outras possibilidades comunicativas: como se desenha a relação entre gesto e língua nesse caso? Que corporalidade se pode depreender de ambientes em que se fala com as mãos e ouve-se com os olhos? Em que medida os gestos também são constitutivos das relações entre os pares de comunicação em questão? Considero, ainda, a própria experiência da pesquisadora (não-surda) como constitutiva da problemática das corporalidades surdas, à medida que a surdez se faz na relação entre pares, no caso, gestuais-visuais, entre surdos e também com a presença de não-surdos. Procuro, assim, emprestar meu corpo à pesquisa etnográfica e às relacionais comunicacionais nelas envolvidas, refletindo, assim, sobre minha posição no campo, como uma pessoa não-surda (ou ouvinte) que é também falante de Libras.