Ponencia

Gêneros Dissidentes: a não-binariedade em perspectiva antropológica

Parte del Simposio:

SP.54: Disidencias sexo-génericas y corporales con perspectiva antropológica

Ponentes

Aleixo (Pietra) Fonseca Bueno dos Santos

UFSC

O presente trabalho tem como objeto de análise a não-binariedade, entendida aqui como um termo que abrange existências que fujam e/ou desobedeçam ao binarismo de gênero imposto em Abya Yala – e no mundo – desde a colonização. Analisa, assim, a não-binariedade como processos de subjetivação articulados ao debate político e acadêmico da colonialidade de gênero. Apesar de os estudos de gênero serem um campo consolidado – por esforço das antropólogas feministas – dentro da Antropologia, a não-binariedade pouco tem sido explorada na academia, refletindo no número baixíssimo de trabalhos encontrados sobre o assunto. É nesse contexto, portanto, que a presente pesquisa se apresenta como um esforço em trazer o debate da não-binariedade para dentro da disciplina antropológica, pensando a diferença e a dissidência de maneira crítica e utilizando o gênero como categoria analítica. Para tanto, foi realizada uma etnografia digital e documental em páginas da internet, blogs e publicações em redes sociais que mobilizam o debate público sobre a categoria da não-binariedade. Assim, foram analisadas produções textuais não-acadêmicas realizadas por pessoas não-binárias que trouxeram tanto experiências pessoais das pessoas autoras, quanto elaborações teóricas e políticas sobre a não-binariedade. Dessa forma, evidencia-se que apesar de não ser explorada dentro da academia – principalmente dada a dificuldade que pessoas dissidentes de gênero têm em acessar e permanecer na universidade -, a não-binariedade se apresenta como um vasto e fecundo campo de pesquisa para os estudos de gênero. Nesse sentido, a pesquisa busca dar visibilidade a saberes e teorias que extrapolam a academia mas que se mostram essenciais para pensar e analisar a não-binariedade. Assim, trago questões debatidas nos movimentos sociais de pessoas não-binárias e nas redes de socialização – como as noções de mitologia de gênero e cisgeneridade subalterna – e coloco-as em diálogo com um referencial teórico-conceitual de autories principalmente LGBTQIAPN+ e do sul global, no sentido de apontar para a desnaturalização do binarismo de gênero característico da cisgeneridade.