Ponencia

Gênero, sexualidade e relações étnico-raciais na produção da diferença entre alunos da periferia de Belém

Parte del Simposio:

SP.57: Procesos educativos en ámbitos escolares, familiares y comunitarios: continuidades y transformaciones

Ponentes

Gabriela Guimarães Silva

Universidade Federal do Pará

Rafael da Silva Saldanha

Mauro Cezar Coelho

Gênero, sexualidade e relações étnico-raciais são categorias sociais que estão presentes no espaço escolar, e por meio delas, surgem algumas problemáticas envolvendo estereótipos, preconceitos e discriminações entre os agentes envolvidos nestas relações de sociabilidades. Utilizando-se da teoria Queer, que surge para dar conta não apenas dessas questões de gênero e sexualidade, mas para se pensar a construção das imagens de nós mesmos através da ciência (Carvalho, 2018), conseguimos fazer um paralelo teórico entre as questões étnico-raciais no âmbito escolar (Silva, 2018), para se pensar em como a lgbtfobia e os racismos assumem discursos responsáveis por relegar sujeitos a um espaço inferiorizado, se comparado aos demais alunos da escola, o que ocasiona em um prejuízo nas sociabilidades desenvolvidas, e em casos mais graves, interfere no processo de ensino e aprendizagem dos mesmos. O presente trabalho tem por finalidade abordar em como esses alunos são percebidos no contexto escolar, por eles mesmos e sobretudo, pelos demais agentes que fazem parte da complexa teia de relações desenvolvidas nesse cotidiano. Pretende-se fazer uma análise crítica do fenômeno, de maneira que possa vir a contribuir para a discussão da temática, dando margem para além da constatação, meios que possibilitem o amplo conhecimento do assunto no contexto educacional, e com isto, encontrar caminhos para lidar com situações que envolvam a temática. A famosa chacota, engendra essa rede de marginalização, e tais “brincadeiras”, segundo Junqueira (2014), são poderosos mecanismos de silenciamento e de dominação simbólica. Através de uma etnografia escolar, o intuito inicial era o de constatar a temática das expressões de gênero e sexualidade entre alunos, porém, os resultados nos levaram a outra grupo predominante, os alunos que se identificam como negros, e as diversas formas de produções de diferenças que isso implica entre eles e os demais jovens. Feita em uma escola da rede municipal, situada na zona metropolitana de Belém, a pesquisa conta com observações, algumas entrevistas destinadas a alunos, ao corpo docente e a administração da escola. Foi observado que o assunto é pouco explorado como parâmetro educacional, o que acaba por inviabilizar a promoção do respeito e conhecimento mais aprofundado sobre as temáticas. Entretanto, um número significativo de alunos que foram entrevistados, demonstram ter conhecimentos prévios sobre as temáticas. Por esses conhecimentos terem sido adquiridos de maneira coloquial, presentes em conversas informais entre os próprios alunos, nos variados espaços da escola, não necessariamente dentro da sala de aula, ou em outros espaços de convívio que vão além do âmbito escolar, tornam-se saberes de senso comum. Todavia, foi observado que mesmo com pouca discussão das temáticas, torna-se imprescindível a intervenção pedagógica, para que haja a promoção do entendimento dessas questões de gênero, sexualidade e relações étnico-raciais, e assim diminuir o agravamento das situações de lgbtofobia e racismos nas escolas, encerrando deste modo este solo fértil que ainda propaga preconceitos velados, e potencializam ainda mais os estigmas estruturais aos lgbtqia+ e/ou negros na sociedade.